A invasão da Ucrânia pela Rússia gerou um movimento de refugiados para países vizinhos, na ordem de mais de três milhões de pessoas, sendo que só a Polônia recebeu aproximadamente 1,8 milhão de ucranianos. Além da Polônia, há um grande movimento de homens, mulheres e crianças que fogem da guerra e buscam refúgio na Hungria, Romênia, Eslováquia e Letônia.

Outros países, muito mais distantes, também aceitaram receber refugiados da Ucrânia. Nesta sexta-feira, 29 ucranianos chegaram ao Brasil e vieram direto para o Paraná. Eles ficarão em Curitiba até domingo e de lá seguem para Guarapuava e Prudentópolis, municípios que concentram uma grande comunidade de imigrantes ucranianos e que se dispuseram a acolher quem fugiu da guerra.

O grupo foi resgatado por uma rede internacional de missionários cristãos, e igrejas brasileiras se dispuseram a mantê-los por ao menos um ano. São dez mulheres, dois homens e 17 crianças que vieram de várias cidades da Ucrânia, inclusive Mariupol e Kharkiv, duas das mais atingidas pela Rússia. São aguardados no Brasil 300 refugiados, sendo que 50 deverão chegar na semana que vem.

No dia 3 de março, o governo brasileiro publicou uma portaria interministerial que concede o visto de acolhida humanitária aos ucranianos e apátridas (pessoas sem nacionalidade reconhecida) afetados ou deslocados pela situação de conflito armado.

O Brasil possui essa modalidade de visto para sírios, haitianos e, mais recentemente, concedeu-o também aos afegãos que fogem do Talibã.

O acolhimento dos refugiados no Brasil é fruto da ação da organização GKPN (Global Kingdom Partnership Network), que congrega diversas igrejas pelo mundo. A Primeira Igreja Batista (PIB) de Curitiba, por intermédio da Abasc (Associação Batista de Ação Social), está recebendo essas primeiras s famílias.

O trabalho também é uma ação do Comitê Humanitas Brasil-Ucrânia, criado pela RCUB (Representação Central Ucraniano Brasileira), com o apoio de dezenas de entidades civis e religiosas brasileiras, que tem o objetivo de prestar solidariedade e apoio humanitário ao povo ucraniano.

Essa guerra no leste europeu vem causando o mais rápido crescimento no número de refugiados do mundo desde a Segunda Guerra Mundial, sem contar no número grande (estima-se 2 milhões de pessoas) se deslocando de suas casas ainda em solo ucraniano. Estima-se que esse conflito e o subsequente fluxo migratório resulte em um impacto na Europa maior do que a crise dos refugiados sírios ocorrida entre 2015 e 17.

É importante ver que o Brasil mais uma vez abre suas fronteiras para acolher pessoas que fogem de conflitos ou situações de extrema pobreza. Mas é preciso ressaltar que na última experiência, quando recebeu refugiados venezuelanos, a acolhida deixou a desejar. Quiçá o brasileiro esteja aprendendo realmente a dar abrigo a pessoas que buscam o Brasil em busca de socorro e sobrevivência. Estamos diante de um sofrimento universal. E a reação a esse sofrimento deve ser estendido a todos que precisam.

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