É preciso transformar a diferença
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terça-feira, 13 de outubro de 2020
Folha de Londrina
As questões femininas têm entrado no debate público de forma mais considerável nas últimas décadas, permitindo que a pauta dos direitos das mulheres avançasse em determinados assuntos como maternidade, assédio, carreira, entre outros.
Os direitos das mulheres ganham evidência conforme conquistam posições no cenário político do Brasil e do mundo. O direito ao voto e o direito de serem eleitas é uma conquista não muito distante. No Brasil, as mulheres puderam começar a votar e serem votadas há 88 anos.
Mas quando a discussão avança para a questão da representatividade feminina na política, percebe-se que ainda há muito o que fazer. A exclusão histórica das mulheres nessa área reflete até hoje e tem como consequência uma presença menor delas nos governos de todos os níveis.
No Paraná, como a FOLHA mostra em reportagem desta terça-feira (13), a participação feminina no processo eleitoral brasileiro ainda está longe de alcançar os patamares ocupados pelos homens. É uma participação ainda tão tímida que um cenário chama atenção no estado. Dos 399 municípios paranaenses, só dois – Quatiguá e Juranda – apresentam apenas candidatas para a disputa do cargo máximo da prefeitura.
O número aponta um retrocesso em relação às eleições de 2016, quando cinco cidades tiveram a disputa pelo Executivo decidida por mulheres. Nenhuma daquelas cidades voltou a repetir o fato este ano.
Nas eleições de 2020, menos de 1% dos municípios brasileiros apresentam somente mulheres na disputa pela prefeitura. Segundo dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), são apenas 39 cidades nessa situação, enquanto que 60% do total terão a concorrência definida por homens. Em todo o cenário eleitoral, a participação feminina em 2020 representa apenas 33,3% do total, com pouco mais de 184 mil candidatas, frente aos 368 mil homens.
Apesar de existirem as chamadas cotas eleitorais, assegurando às candidatas do sexo feminino uma porcentagem mínima de 30% de participação, percebe-se que as cotas não surtiram o efeito desejado. Principalmente porque muitas das candidatas que se inscrevem são consideradas “laranjas”, ou seja, não têm interesse em ocupar um cargo político e estão ali para cumprir o coeficiente exigido por lei.
Mulheres não são melhores ou piores que os homens na política. Não se trata de competência, mas no fato de que a democracia não é plena quando um grupo não é representado nas diferentes esferas do poder.
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