Na minha juventude, o Brasil proclamava com orgulho ser um país de jovens. Com um altíssimo percentual de sua população na faixa etária mais produtiva, havia a expectativa otimista de que construiríamos uma nação avançada, próspera e socialmente justa. E havia razões para acreditar nisso.

Vivíamos os chamados anos dourados — especialmente durante a década de 1970 — quando o país experimentava um crescimento visível em diversas áreas. Era uma época de efervescência econômica, modernização e grandes obras. A sensação de progresso era palpável, e muitos acreditavam que, em pouco tempo, o Brasil se tornaria uma potência global, um lugar de oportunidades para todos.

Contudo, o tempo passou. A década de ouro deu lugar às chamadas décadas perdidas, marcadas por retrocessos econômicos e instabilidade política. A redemocratização, embora fundamental, veio acompanhada de um encantamento desmedido com a liberdade — muitas vezes mal interpretada e mal administrada. A nova Constituição de 1988 trouxe avanços, mas também revelou desafios de governabilidade e eficiência.

Quem viveu a maturidade durante os anos 60 e 70 pode atestar que, apesar das limitações políticas da época, havia maior sensação de segurança, ordem e previsibilidade. A transição democrática, embora necessária, não foi suficiente para nos colocar em um caminho sólido de desenvolvimento sustentável e justiça social.

Hoje, cinco décadas depois, encontramos um país dividido, ainda em busca de um projeto de nação que una seu povo. Politicamente, pouco evoluímos, e seguimos debatendo temas fundamentais que já deveriam ter sido superados. A sensação é de estagnação ou, pior, de retrocesso.

Ao caminhar pelas ruas ou frequentar estabelecimentos comerciais, percebe-se uma mudança silenciosa, porém profunda: a juventude que um dia foi maioria cedeu espaço a uma população mais madura e envelhecida. O Brasil, antes jovem, agora é um país que envelhece rapidamente.

Mas envelhecer não é um problema. Pelo contrário: a maturidade traz consigo experiência, sabedoria e capacidade de análise que podem ser extremamente úteis em todos os setores da sociedade. A força física dá lugar ao conhecimento acumulado, à visão de longo prazo e à ponderação.

Para isso, é necessário mudar mentalidades, atualizar conceitos e preparar nossas cidades, empresas e instituições — públicas e privadas — para essa nova realidade demográfica. É preciso investir em infraestrutura adaptada, políticas públicas inclusivas e uma cultura organizacional que reconheça o valor dos mais velhos.

Países europeus já enfrentaram esse fenômeno e souberam se adaptar, colhendo bons resultados ao integrar ativamente a população idosa em suas economias e comunidades. Lá, o envelhecimento não representa um peso, mas uma oportunidade de crescimento e equilíbrio social.

O Brasil precisa estar atento a essas mudanças. Se queremos construir um país melhor — não apenas para os jovens, mas para todas as gerações — precisamos agir com visão e responsabilidade. O futuro não pertence apenas à juventude, mas a todos que, com sabedoria, disposição e consciência, desejam um país mais justo, equilibrado e preparado para os desafios do tempo.

Ary Sudan, bacharel em Ciências Econômicas

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