Bem comum indispensável à sobrevivência no planeta, a água, por princípio, deve ser insípida, inodora e incolor. É uma lição que aprendemos nos primeiros anos da vida escolar. Mas em certas regiões de Londrina e Cambé essa substância - tão presente em nosso cotidiano que evitamos pensar na possibilidade de sua escassez ante mudanças climáticas profundas - anda tendo gosto. E mau cheiro.

Moradores de bairros das duas cidades tiveram esse dissabor há pouco mais de uma semana com a água abastecida em suas residências e estabelecimentos abastecidos pela Sanepar. Eles relataram o problema, que logo ganhou o devido destaque na imprensa local. E que de acordo com a companhia de saneamento teria sido provocado por matéria orgânica e algas encontradas em alguns pontos do rio Tibagi, que abastece 60% dos imóveis de Londrina e 90% de Cambé. Por inadmissível - receber a água com gosto e cheiro ruins -. a celeuma também mobilizou o Procon, órgão de defesa do consumidor, e o Ministério Público. Secretários municipais foram presencialmente à estação Tibagi, localizada na estrada do Limeiro (zona leste), checar o que havia de errado afinal.

Segundo explicações do gerente da Sanepar no Nordeste do Estado, Antônio Gil Gameiro, o excesso de matéria orgânica estava atrapalhando o processo de tratamento da água, o que motivou a companhia a oficializar o IAT (Instituto Água e Terra), o órgão responsável pela fiscalização ambiental, para que tome as providências nos pontos identificados com o problema.

Conforma reportagem publicada nesta edição pela FOLHA, ele garante que a questão foi resolvida com a adição de produtos e as chamadas "ações mitigadoras" no processo de tratamento.

Só que, embora solucionado o problema, os munícipes (clientes da Sanepar, por sinal) precisarão ter uma dose a mais de paciência, já que de acordo com o mesmo gerente regional, a mudança não será sentida de forma imediata. A água já está saindo da estação tratada, com qualidade, ele diz, mas haverá um tempo de reposição para a troca de toda substância do sistema da rede, do reservatório e das caixas de água dos imóveis.

Moradores chegaram a relatar efeitos colaterais do consumo da água ruim, como surgimento de doenças, o que precisa ser investigado pelos órgãos competentes.

Técnicos da Vigilância Ambiental, da secretaria municipal de Saúde, recolheram amostra da água de dois locais distintos da estação e também na casa de um morador que estava relatando gosto estranho. O MP-PR por meio da Promotoria de Meio Ambiente, pediu para o IAT também fazer a análise da potabilidade da água. Tanto a Prefeitura de Londrina como o MP não descartam punições à companhia dependendo do que os laudos solicitados apontarem.

O mínimo que se espera de um serviço que se diz de excelência no país é que haja uma fiscalização efetiva e uma constante melhoria no sistema de tratamento para que tenhamos o direito de consumir a água do jeito que ela deve ser: insípida, inodora e incolor.

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