Pedagogas trabalhando como babás e administradores de empresas atuando como chefes de cozinha. Reportagem na FOLHA mostrou que muitos profissionais qualificados têm encontrado dificuldade de inserção em suas áreas de especialização ou perderam o interesse pela profissão, migrando para ocupações que não exigem diploma superior.

Uma pesquisa realizada por uma empresa de consultoria mostrou que a vantagem salarial que um diploma universitário gera no Brasil acaba sendo reduzida quase à metade se o profissional não consegue se colocar no mercado de trabalho compatível com a sua escolaridade. Porém, mesmo fora da área escolhida, ele ainda ganha o dobro daqueles com ensino médio que estão na mesma função.

Conforme a consultoria, os brasileiros que estão empregados em funções que exigem graduação ganham, em média, R$ 8.561,00. Essa remuneração cai para R$ 4.861 se a vaga ocupada por esse trabalhador não exigir curso superior. Quem concluiu apenas o ciclo escolar básico recebe em média R$ 2.035 mensais em postos que não exigem formação.

A conclusão é que mesmo deslocado da sua área profissional, os homens e as mulheres que têm diploma universitário conseguem uma vantagem no holerite. Em um país com uma população de 13 milhões de desempregados, é evidente que nesse momento as pessoas estão mais preocupadas em voltar para o mercado de trabalho ou se lançar em um negócio próprio que necessariamente não seja o seu plano A.

Situação como essa mostra como é importante planejar uma carreira profissional desde cedo. Em muitos países isso já ocorre e há lugares em que os cursos técnicos são tão valorizados quanto uma graduação. No Brasil é diferente e muitas vezes percebe-se que o dinheiro que o estudante investe em um curso superior acaba não sendo recuperado na primeira fase de trajetória profissional. Ou o que dizer do investimento que a universidade pública destina na formação de seus alunos que acabam não encontrando emprego na área ou desistindo no meio do caminho?

O mercado de trabalho está mudando e muitas profissões que estão em alta hoje não existiam tempos atrás e provavelmente não sobreviverão à próxima década. A revolução tecnológica é responsável por uma grande reviravolta na sociedade em todos os aspectos. Essas questões precisam chamar a atenção de pedagogos, dirigentes de instituições de ensino e formuladores de políticas públicas.

Nos Estados Unidos, as universidades acompanham seus ex-alunos, sabem onde estão empregados e quanto ganham. No Brasil, isso não existe e essa distância acaba por contribuir para o desequilíbrio entre formação, ocupação e expectativas dos universitários.

Há quem vai mais longe e acredita que a formação profissional de uma pessoa começa na infância, com os pais e professores ajudando as crianças e adolescentes conhecerem a si próprios, ajudando-os a descobrirem suas áreas de interesse e a se prepararem para um mundo em constante transformação.

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