Pesquisa divulgada na semana passada pela CNT (Confederação Nacional do Transporte) e pelo Sest/Senat mostrou um retrato revoltante das estradas do Paraná. Segundo o levantamento, que analisou as condições de mais de 6,3 mil quilômetros de rodovias em todo o Estado, 56,1% deles foram avaliados como regulares, ruins ou péssimos, como mostra reportagem da edição de hoje no caderno de Economia. O levantamento observou pavimento, sinalização e geometria, todos fatores que são decisivos para ocorrência de acidentes e mortes no trânsito.

Ter mais da metade das estradas de um Estado desenvolvido como o Paraná em situação ruim é uma afronta a todos os paranaenses. Se aqui é assim, imagine em Estados mais carentes.

O Paraná é também um lugar que tem pedágios com preços exorbitantes o que deveria fazê-lo ter também as melhores estradas do País, o que não ocorre. O contraste é grande entre preço absurdamente alto das tarifas e a situação das estradas, em sua maioria ruins, com pistas simples e perigosas, esburacadas, sem acostamento e sem estrutura alguma. O compromisso das concessionárias era, entre outras obrigações, duplicar os trechos pedagiados, mas não é o que vemos.

Segundo a pesquisa, seria necessário um investimento de R$ 1,70 bilhão para recuperar as rodovias do Paraná, incluindo ações emergenciais, manutenção e reconstrução.

A falta de cuidado com as estradas é responsável por muitas tragédias. Além de famílias enlutadas e pessoas com sequelas para o resto da vida, os acidentes resultam em um prejuízo gigantesco para o Estado. Somente em 2018, os gastos com acidentes representaram R$ 1,04 bilhão ao Paraná.

Há ainda o impacto na economia, uma vez que as condições das rodovias têm influência direta nos custos do transporte, apontou a pesquisa. Em 2019, estima-se que as inadequações do pavimento resultaram em uma elevação do custo operacional do transporte de 38,5% no Paraná.

Esse descaso com as estradas é uma afronta à população, que é quem paga o preço. O problema não é só do Paraná, mas de todo o Brasil. Por isso, os governos federal e estaduais precisam, além de zelar pelos trechos que são de competência do poder público, cobrarem duramente a qualidade do serviço prestado pelas empresas que deveriam deixar as estradas em um nível no mínimo aceitável, retribuindo aos usuários pelo dinheiro que eles deixam a cada vez que passam pelas cancelas.

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