Sempre que este assunto vem à tona pelas páginas dos jornais, logo vem em mente a ideia de retirada de resíduos (solo mole) depositados no leito do lago e os valores a serem gastos, mas tais medidas demandam valores vultuosos e não garantem a solução dos problemas, mesmo porque, o prazo de validade pode ser curto.

O ilustríssimo urbanista e Ex. Prefeito de São Paulo, Prestes Maia foi contratado pela prefeitura para fazer o planejamento urbano de Londrina e através da lei mais importante feita para a cidade, a lei 133/1951 criou os fundos de vale, importantes áreas de amortecimento das águas das chuvas evitando que a cidade sofresse com inundações. O que ele não pode fazer para a cidade de São Paulo fez para a glória da cidade de Londrina e portanto cabe preservar de maneira permanente as larguras desses fundos de vale que é o bem mais precioso que temos em nossa cidade. Além de emprestar beleza para a cidade os fundos de vale cumprem importantíssimo papel na preservação do meio ambiente. As cidades do país que não tiveram preocupação em preservar seus fundos de vale sofrem com as constantes inundações e não vislumbram soluções para estes problemas recorrentes.

A última vez que o Lago Igapó foi desassoreado foi nos anos 80, na gestão do Ex. Prefeito Wilson Moreira. Nos anos da década de 70, na Gestão do Ex. Prefeito José Richa também as dragas do DNOS executavam dragagem de todos os córregos da cidade e à prefeitura cabia o gasto com combustíveis sendo que o operador da draga atendia pelo apelido de Polaco, mas de lá para cá nada mais foi feito.

Em engenharia nada se resolve somente por palavras e boas intenções, sendo importante fazer publicidade para que a população participe desse processo e se sinta inserida no contexto, por isso, fica a sugestão para o Prefeito Tiago Amaral fazer campanhas publicizando o belo trabalho que nosso querido ambientalista João das Águas in memoriam deixou de legado para a cidade de Londrina fazendo uma cartilha com o nome “ O RIO DA MINHA RUA”, assim quando o munícipe jogar qualquer lixo na rua ele vai ter consciência de que aquele lixo vai para as bocas de lobo sendo transportado pelas galerias pluviais e vai cair no rio de sua rua provocando assoreamento e vindo a ferir de morte o meio ambiente. O que está a acontecendo hoje com estes agravantes da natureza é justamente a falta de e cuidados com a natureza que não aceita desaforos.

Face ao exposto primeiramente devem ser tomadas medidas preliminares para que o benefício seja duradouro e eficiente. Inicialmente , é necessário cuidar das microbacias e dos efluentes do lago adotando as seguintes sugestões : recompor a vegetação do entorno; reparar guias e sarjetas das ruas e avenidas; exigir muretas nos lotes vazios; recompor a área permeável dos imóveis e onde não for mais possível restabelecer a área de 20 % da propriedade , promover a captação de área equivalente de telhados; importantíssimo construir caixas para decantação dos resíduos sólidos no encontro dos afluentes com o lago e que tenham acesso para limpeza periódica. Nessas caixas colocar telas para conter garrafas pet e ouros materiais, tornando o lago Igapó um lugar livre de poluentes (lixo zero).

A adoção de tais medidas promove a recarga do lençol freático, melhora o micro clima da região, alivia a rede de galeria pluviais, reduz gastos públicos no futuro e, consequentemente, se torna um fator redutor de inundações.

Virgilio Moreira

Engenheiro Civil – pós-graduado em engenharia pública e engenharia de segurança