O anúncio do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) de que o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) foi bem recebido por conselhos que representam educadores e estudantes, preocupados com o impacto da pandemia no aproveitamento das aulas remotas principalmente para a camada mais pobre da população, que não tem acesso à internet.

O cronograma previa aplicação das provas virtuais nos dias 22 e 29 de novembro. Segundo o Ministério da Educação, o adiamento será por um período de 30 a 60 dias. Ainda não há definição de uma nova data. A pasta afirma que a decisão sobre a nova data será tomada após realização de uma enquete junto aos inscritos para o Enem 2020, que será feita em junho por meio da página do participante.

A mudança no cronograma era uma demanda de órgãos como o Conselho Nacional de Secretários de Educação, o Consed. A pressão da Câmara dos Deputados e do Senado pesaram bastante na decisão de adiamento por parte do ministro da Educação, Abraham Weintraub.

É um fator positivo o MEC ter deixado a data em aberto, dando margem para que o calendário seja debatido com governadores e órgãos que representam educadores e estudantes. Principalmente porque muitas universidades também estão anunciando o adiamento de seus vestibulares.

Segundo informações da Folha de São Paulo, a maioria dos países adiou exames de acesso à universidade, como o Enem. Entre 19 que aplicam provas similares, apenas cinco permaneceram com o cronograma firmado antes da pandemia.

Sem dúvida, a perda de aulas devido ao fechamento das escolas é um fenômeno mundial, independente do calendário escolar de cada país. Há preocupação com o prejuízo no aprendizado dos alunos, principalmente entre aqueles que não têm acesso fácil à internet e a materiais didáticos.

Questionada nesta quarta-feira sobre a suspensão do calendário das provas do Enem, a diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais da FGV, Claudia Costin, acredita que o adiamento deveria ser de no mínimo quatro meses. Costin, que esteve em Londrina como debatedora na 11ª edição do EncontrosFolha, em 2018, cobrou que o governo federal olhe as experiências internacionais e adie o máximo possível a prova.

O adiamento do Enem era uma necessidade óbvia. Não apenas pela desigualdade de condições de estudo entre estudantes de escolas públicas e particulares, mas também pela fragilidade emocional dos candidatos que se preparam de forma remota para o exame. Além disso, é difícil prever o avanço do coronavírus no Brasil e até agora ninguém arrisca um palpite sobre quando a pandemia chegará ao fim.

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