Abro o “Mappa de Viação” do Paraná. Foi impresso a cores na escala 1:750 000 em dezembro de 1925. Traz ferrovias e estradas em projeto, em execução e em funcionamento. Indica as “zonas colonizadas” às margens dos rios Paranapanema e Tibagi.

Tento localizar a área entre os rios Paranapanema, Tibagi, Paraná e Ivaí. Coloco a mão esquerda espalmada sobre esse quadrilátero. Os dedos correspondem à linha tronco e quatro ramais da Estrada de Ferro Central do Paraná – EFCP ajustada. Fato pouco conhecido é que essa ferrovia foi concessão transferida e ajustada, da Companhia Marcondes de Colonização SP para a Companhia de Terras Norte do Paraná – CTNP, em outubro de 1925.

O plano da CTNP era grandioso. A linha tronco da ferrovia EFCP ajustada ligava o Norte do Paraná à Estrada de Ferro São Paulo Rio Grande – EFSPRG. Estava prevista como ponto de intersecção a estação Carambeí, entre Castro e Ponta Grossa. A EFCP ajustada alcançava a área de 350 000 alq. da CTNP, a área de reserva de contrato na margem do rio Paraná e as terras devolutas com potencial de anexação.

Da mão esquerda espalmada, o dedo polegar corresponde ao ramal 2 da EFCP ajustada. Liga o rio Bom, afluente do Ivaí, à foz do ribeirão Vermelho no Paranapanema. Ali o Governo projeta a povoação de São Salvador. Pouco divulgado, o ramal 2 definiria a localização e o traçado do patrimônio de Heimtal (1929) e Londrina (1932).

Importante considerar. Não existia no Plano de Viação de 1925, nenhuma ferrovia planejada ligando Cambará a Jataí e as terras além rio Tibagi. A concessão da Estrada de Ferro São Paulo Paraná - EFSPP seria aprovada somente em 1928. Substituía todas as concessões anteriores de ferrovias no Norte do Paraná.

O Norte do Paraná analisado através de Mapas de Viação, decretos e relatórios revela um plano inicial grandioso da CTNP. Estratégica articulação de ferrovias e terras devolutas.

Humberto Yamaki, coordenador do Laboratório de Paisagem da UEL