Nem é preciso que satélites da agência espacial dos Estados Unidos confirmem que o Brasil atravessa uma das piores secas das últimas décadas. No Paraná, basta percorrer nossos principais rios para constatar o tamanho do problema ambiental que estamos enfrentando.

O fato é que o Paraná vive a pior seca dos últimos 20 anos e isso tem obrigado a um racionamento de água em várias regiões, como a metropolitana de Curitiba.

Levantamento do Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná aponta que nove grandes cidades paranaenses de todas as regiões apresentaram índices bem abaixo da média histórica entre junho de 2019 e março de 2020.

Em Londrina, o risco de desabastecimento ainda não é imediato, mas a cidade convive com um deficit de chuva acumulado desde 2018.

Desde 1997, quando o Simepar começou a monitorar as condições do tempo, não chove tão pouco no Estado. A baixa precipitação persiste já há dez meses.

Houve uma redução média no volume de chuva de 33% no conjunto de municípios formados por Curitiba, Ponta Grossa, Guarapuava, Maringá, Londrina, Foz do Iguaçu, Cascavel, Guaratuba e Umuarama.

Diante da situação crítica, o governador Ratinho Junior publicou o decreto 4.626, no último dia 7, declarando situação de emergência hídrica de 180 dias, com o objetivo de agilizar processos e dar prioridade ao uso da água para consumo humano.

Ainda não foi necessária a implantação do rodízio de fornecimento de água na região de Londrina, mas o drama é visível. Em Jataizinho, o Tibagi está pelo menos 1,5 metro abaixo do nível normal. Em vez das águas caudalosas, a imagem que impressiona no segundo maior rio em extensão do Paraná são as pedras, antes submersas, e que agora servem até de passagem para quem experimenta caminhar pelo leito do rio.

Lembrando que quem depende do rio para sobreviver, os últimos meses têm sido de bastante dificuldade. No Tibagi, a oferta de espécies é farta: piapara, piau, piauçu, curimba. Com a seca, sobraram só os lambaris.

A reportagem da FOLHA percorreu um trecho do rio Tibagi na última tarde de segunda-feira (12) e o resultado da viagem o leitor vê na edição desta quarta (13).

Além da estiagem, preocupa a Sanepar o aumento do consumo de água entre março e abril deste ano em comparação com o mesmo período de 2019. A maior demanda é resultado do isolamento social por conta da pandemia do coronavírus e devido também ao calor e ao tempo seco.

É certo que a crise hídrica não vai se normalizar rapidamente assim que as primeiras chuvas começarem a cair, mesmo porque o outono e o inverno são estações mais secas.

Mais uma vez a população precisa se conscientizar para adequar suas atitudes à realidade. Outra solução não há do que praticar o uso racional da água, evitando o desperdício e agindo com responsabilidade.

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