A estratégia do ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sergio Moro, de endurecer o combate às facções criminosas, por enquanto, vem mostrando resultados. A pasta comandada pelo ex-juiz da Lava Jato intensificou a política de isolamento dos líderes destes grupos em presídios federais e tem como alvo enfrentar o crime organizado a partir do enfraquecimento de suas finanças.

É notável, no entanto, a expansão dessas facções para países vizinhos, na atuação principalmente no tráfico de drogas. O Paraguai é um dos países que convivem com a violência levada pelos criminosos brasileiros na disputa pelo controle do tráfico de drogas. De acordo com o governo paraguaio, o sistema penitenciário tem cerca de 400 presos ligados ao PCC (Primeiro Comando da Capital).

Na madrugada deste domingo, 75 detentos escaparam da Penitenciária Regional de Pedro Juan Caballero, cidade que faz fronteira com Ponta Porã (MS). Destes, ao menos 40 são brasileiros, segundo o governo do Paraguai. O Ministério da Justiça do Brasil determinou o fechamento da fronteira em toda a extensão do Mato Grosso do Sul, medida que não foi replicada no Paraná, apesar da proximidade.

A fronteira é justamente o calcanhar de Aquiles da segurança no Brasil. Com 16,8 mil quilômetros de fronteiras, o Brasil faz divisa terrestre com nove países da América do Sul. O desafio de controlar a entrada e saída de pessoas e mercadorias se torna gigante, na proporção de um país continental. Porém, sem um investimento significativo em defesa, o combate ao narcotráfico nos grandes centros e também no interior se torna ineficiente, o famoso caso de "enxugar gelo".

Horas após a fuga no Paraguai, caminhonetes incendiadas foram encontradas em um distrito de Ponta Porã, o que sugere que os criminosos podem já estar de volta em território brasileiro. Por meio das redes sociais, Moro frisou que "se voltarem ao Brasil, ganham passagem só de ida para presídio federal". O problema é que os estragos causados até que sejam capturados podem ser grandes e poderiam ser evitados com um controle mais rigoroso nas fronteiras.

É preciso investimento maciço em tecnologia e celeridade para a conclusão dos programas em execução. O Sisfron (Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras), mantido pelas Forças Armadas, pode se tornar obsoleto antes mesmo de ser totalmente implantado, por falta de recursos.Iniciado em 2012, com orçamento inicial de R$ 12 bilhões, o Sisfron só recebeu cerca de R$ 2 bilhões até agora. Atacar o crime organizado demanda inteligência e investimentos.

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