Com quase 3 mil mortos pela Covid-19 por dia, o Brasil chega a um ponto que para os especialistas é o prenúncio de uma situação insustentável. A Fiocruz - Fundação Oswaldo Cruz - classificou o atual momento brasileiro como "o maior colapso hospitalar e sanitário de toda a história do Brasil." As estimativas são de que situação iria piorar em regiões dos 23 estados brasileiros e do Distrito Federal .A projeção é feita com base no número de casos já confirmados que deve se refletir no número de mortes nas próximas semanas.

Quem ainda pensa que está brincando com um inimigo comum deve ficar alerta à situação e ouvir a ciência. A combinação de início de vacinação - com apenas cerca de 4% da população imunizada - com o surgimento de novas variantes do coronavírus é muito grave à medida em que se sabe que a combinação de duas cepas infectando um mesmo indivíduo pode resultar no que os cientistas chamam de vírus hipermutantes.

Se no início da pandemia governos e parte de população ainda questionavam a mortalidade pela Covid-19, agora já não dá mais para tapar os números. Famílias inteiras estão sendo dizimadas como no caso que ocorreu esta semana em Curitiba: um menino de 13 anos foi a óbito, depois de perder a mãe e a avó pela doença. As novas cepas do vírus, mais contagiosas, também estão afetando pessoas cada vez mais jovens. Os serviços funerários das capitais, incluindo Curitiba, mostram que a idade dos pacientes que evoluem a óbito está caindo.

Diante disso os especialistas são unânimes em apontar os únicos caminhos para estancar o contágio: isolamento social e vacinação. Em entrevista esta semana à rádio Jovem Pan, a microbiologista Natália Pasternak foi enfática sobre o segundo risco que o Brasil corre se não estancar a onda de contaminação: o colapso não só do sistema de saúde como dos serviços funerários. Segundo ela, se a pandemia impactar estes serviços, o país pode viver uma outra crise sanitária por falta de espaço para enterrar os mortos em tempo hábil. Essa situação terrível já afetou algumas capitais como Manaus. De lá para cá, pouco se vacinou e muitos resistem a obedecer as medidas de restrição impostas pelas autoridades sanitárias. A escolha ainda está em nossas mãos. O ponto de vista da microbiologista é claro: "É humanamente inaceitável perder 3 mil vidas por dia e achar que se pode ignorar isso."