O deslocamento de pessoas infectadas fez o novo coronavírus atravessar divisas e fronteiras e ganhar o mundo até que a OMS (Organização Mundial da Saúde) decretasse a pandemia.

Esse mundo interligado, com distâncias encurtadas a partir de viagens mais baratas, foi um grande facilitador para que a Sars-Cov-2 chegasse a tantos lugares. A ponto de continentes, países, estados e municípios fecharem suas fronteiras para visitantes.

Um exemplo é a decisão da União Europeia de impedir que brasileiros e norte-americanos entrem no continente. Hoje, Estados Unidos e Brasil são os países com maior número de casos e de mortes pelo novo coronavírus.

No Brasil, estados que fazem divisa com São Paulo, epicentro do coronavírus por aqui, também se preocupam e tentam evitar que pessoas infectadas entrem em seus territórios.

Isso não é diferente no Paraná. No Norte do Estado, a preocupação é grande pois municípios paulistas que têm forte ligação com Londrina, Maringá, Cornélio Procópio e outras cidades foram classificados nas fases vermelha e laranja, que representam alto risco.

Nesse sentido, o trabalho de orientação e fiscalização nas divisas torna-se também fundamental para combater a circulação viral. Entretanto, conforme apurou a FOLHA, apenas 56 profissionais de saúde vêm realizando essa função ao longo dos últimos quatro meses.

Diferentemente, com as medidas adotadas em regiões urbanas as áreas de divisa paranaense não tiveram um protocolo mais rigoroso no momento em que a situação da Covid-19 fosse se tornando mais grave no estado vizinho.

Do lado paulista, 94 cidades haviam registrado 7.554 casos até o início desta semana, com 193 mortes causadas pela Covid-19 registradas em 50 municípios da região centro-oeste. Nesta sexta (3), o Paraná chegou a 715 mortes.

O avanço da Covid-19 fez com que a prefeitura de Bauru, município a 350 quilômetros de Londrina, editasse um decreto em que prorroga as restrições sobre o comércio e serviços na cidade até o dia 14 de julho. Além disso, o Governo de São Paulo decidiu mudar a classificação de risco para este município da fase laranja para a vermelha. A mesma medida também foi adotada em Marília, outro município que está na “rota” de milhares de paranaenses.

Na segunda quinzena de maio, quando o estado de São Paulo somava pouco mais de 75 mil casos, a reportagem da FOLHA foi a um dos 11 pontos de orientação implementados pelo governo do Paraná, na região de Sertaneja, a 100 quilômetros de Londrina. À época, a constatação foi de que uma parcela dos profissionais que vivem nas estradas ainda resistia em usar máscaras.

É uma situação preocupante porque os eixos rodoviários são fortes pontos de disseminação do vírus. Intensificar as ações e orientações nesses 11 pontos é uma medida essencial.

Essas barreiras sanitárias não têm o poder de impedir a entrada de pessoas. Mas os profissionais que trabalham nessas barreiras fazem o importante papel de conscientizar e, caso algum viajante aponte que tem sintomas de Covid-19, podem fazer o encaminhamento dele a um serviço de saúde.

Sem vacina, a principal forma de evitar o contágio é o distanciamento social e a conscientização coletiva.

A FOLHA deseja saúde a todos os seus leitores!