Não é coincidência que temos visto multiplicar as opções de produtos gastronômicos com pistache nas prateleiras dos supermercados, padarias e confeitarias. Até poucos anos atrás não existiam ovos de Páscoa de pistache, por exemplo, algo que se tornou comum na última data comemorativa. Além disso, diversos outros produtos levam o ingrediente da moda: tortas, pavê, brownie, barra de chocolate, trufas, macarrons, pães e doces diversos. Não tem nada de casual nisso. É tudo parte de uma grande gama de estratégias de marketing, das quais os pequenos empresários e empreendedores podem se beneficiar se souberem aproveitar a onda verde.

O consumo triplicado de produtos com pistache entre 2022 e 2024 no Brasil, passando de 350 toneladas para 1 mil toneladas, é fruto de uma estratégia de mercado muito bem definida, incentivada pelos Estados Unidos, atualmente um dos maiores produtores da semente no mundo. Entre as ações estão desde a criação de uma associação, uma data comemorativa anual, um festival do pistache, a participação em eventos internacionais, parceria com chefs renomados e influenciadores digitais. Por isso é que nós, consumidores, passamos a ver muito mais produtos produzidos com pistache por aí.

Esse conjunto de estratégias transforma o pistache num verdadeiro símbolo de como o planejamento de marketing pode contribuir para transformar um mercado, criando uma demanda e gerando necessidade no público. E é aí que o pequeno empresário ou empreendedor por se beneficiar e aproveitar para surfar na onda verde e faturar alto, criando produtos que levem o ingrediente. Nesse sentido, as empresas precisam mostrar para o consumidor que o produto existe e como é possível utilizar ou consumir este produto. No caso do pistache, é preciso conectá-lo à culinária, à gastronomia, aos restaurantes, às confeitarias, além de gerar demanda e engajamento com o consumidor final.

Para ser eficaz, utilizar ferramentas de planejamento é fundamental. Cada empresa deve realizar uma análise de mercado sobre aquele determinado produto, utilizando técnicas que ajudem olhar para dentro da empresa, entender quais são as forças existentes, perceber as fraquezas e, depois, olhar para o mundo externo, para o mercado, mapeando quais são as oportunidades e ameaças em relação ao produto. Nesse sentido, o comerciante poderá focar em um subproduto do pistache que tenha sua identidade e que se conecte com o seu cliente.

Esses exercícios de planejamento ajudam o empresário a equilibrar o produto que está desenvolvendo com a demanda que o mercado está buscando. E tudo conta na hora de aproveitar a tendência de um novo produto. Mas, é preciso ter essa perspicácia comercial de avaliar, por exemplo, se o mercado possui poucos players, se tem alta demanda e baixa produção que pode agregar valor e gerar exclusividade, inclusive a região e o clima propícios contribuem para o sucesso de um novo produto.

Ao identificar as necessidades de um público consumidor ou entender a onda de consumo de uma determina época, o mercado pode potencializar suas vendas e faturar alto. Inclusive, muito além da gastronomia. Empresas de outros setores podem se atentar para isso. Um exemplo é a produção de pelúcias temáticas que representem produtos com pistache, como um sorvete ou um brigadeiro. Hoje estamos vendo isso com o pistache, mas a cada época um produto vira moda e ajuda a elevar as vendas. O mesmo aconteceu com a capivara, que se tornou pop e virou sucesso comercial. Mas esse assunto talvez seja para outro artigo.

O mercado cada vez mais competitivo obriga os empresários e empresas a serem criativos e desenvolverem produtos para se diferenciarem dos concorrentes. Nesse esteio, é importantíssimo o planejamento de estratégias comerciais e de marketing para se alcançar a eficácia e a lucratividade.

Jéssica Fahl Ribeiro é formada em Marketing e Propaganda pela Unopar e especialista em Gestão Estratégica de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV)

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