Colônia Internacional: a “Chácara” e o Patrimônio Três Boccas
Em 1950 foi publicado pelo Nihonjinkai, em japonês, o livro “15 anos da Colônia Internacional no Norte do Paraná”
PUBLICAÇÃO
quarta-feira, 14 de maio de 2025
Em 1950 foi publicado pelo Nihonjinkai, em japonês, o livro “15 anos da Colônia Internacional no Norte do Paraná”
Humberto Yamaki
Decifrar e interpretar. Plantas e publicações esquecidas permitem reavaliar o início da colonização do Norte do Paraná sob a perspectiva de imigrantes.
A denominação Colônia Internacional ou Kokusai Shokuminchi (1933) foi proposição de H. Udihara, gerente de vendas da CTNP. Renomeava a Confederação das Associações de Imigrantes Japoneses (Nihonjinkai) do Norte do Paraná.
Em 1950 foi publicado pelo Nihonjinkai, em japonês, o livro “15 anos da Colônia Internacional no Norte do Paraná”. Tinha 960 páginas ilustradas e autoria de S. Nakanishi. Foi resultado de 1 ano e 4 meses de entrevistas e trabalho de campo. Trazia dados sobre a CTNP/CFSPP, colônias shokuminchi, biografias e cronologia.
Para Nakanishi, “a caravana inicial da CTNP cruzou a Divisa de Terras e explorou a área. Seguiu uma picada até encontrar um local alto, ideal para a Sede Central do empreendimento. Depois, retorna 1800m até algumas nascentes. Havia necessidade de escolha de um lugar que não interferisse na futura Sede. Ali foi construído o abrigo provisório em 1929. Foi denominado “Chácara” (entre aspas, em ideograma katakana) “. O autor diferencia “Chácara” e as “chácaras na faixa de 3km ao redor de patrimônios”.
E prossegue. “As atividades foram iniciadas com a construção da estrada para Jatahy, desmatamento e plantio de 10 alq. para a “Chácara”. Em dois barracões funcionariam a hospedagem de funcionários e visitantes e o escritório da CTNP e burocratas. ”
A descrição da “Chácara” coincide com o projeto do Patrimônio Três Boccas (CFSPP, 1930) e traços na Planta Parcial N.1 de Colonização de Glebas (CTNP,1930).
Fato pouco conhecido. Em 1933, a pedido de Udihara, A.Thomas autoriza a implantação de um campo de experimentos. Tinha como coordenador o sr. Egoshi, consultor do Consulado Geral do Japão SP e como Chefe, o sr. Horizawa. No desmatamento de 3 alq. participaram os srs. Horiuchi, Tsuzaki e Murayama e seis trabalhadores. Plantaram algodão, batata e tomate. Posteriormente, frutíferas e pasto. Fato relevante foi o cultivo de 400 mudas de Vernicia, utilitária, cujas sementes foram distribuídas na colônia. Sem grandes investimentos e instalações, o campo de experimentos foi encerrado depois de 2 anos de atividades. Consta que, no pasto da “Chácara”, 70 cavalos eram criados para o uso de visitantes e compradores de terras.
O escritório da CTNP e o Hotel foram transferidos para Londrina já em 1932 e 33. Lotes divididos em sequência.
Concluindo. Local simbólico e estratégico de demarcação de Divisa e Terras, com orientação NSLO, hidrografia e relevo favorável, edificações para imigrantes e campo de experimentos. Traz aproximações às cláusulas de implantação de sede de Núcleo Colonial em Decretos de Colonização. A “Chácara” apresentada por Nakanishi coincide com o silenciado Patrimônio Três Boccas da CFSPP (1930).
Humberto Yamaki, coordenador do Três Boccas Laboratório de Paisagem

