A economia tem apresentado sinais contraditórios ao longo de 2025. De um lado, o custo da alimentação segue em alta e pressiona o orçamento das famílias. De outro, o mercado de trabalho mantém bom ritmo de contratações, com destaque para a construção civil, enquanto o agronegócio respira com o novo Plano Safra para enfrentar o peso dos juros elevados.

No primeiro semestre deste ano, a cesta básica em Londrina teve valor médio de R$ 628,21, quase 9% acima do registrado no mesmo período de 2024. Somente em junho, o conjunto de 13 itens essenciais encerrou o mês cotado a R$ 640,85. A elevação dos preços foi puxada por produtos como banana (23,1%), tomate (10,8%) e leite (3,5%). A carne, que responde por quase 43% do valor total da cesta, também ficou mais cara. Além disso, fatores como a geada do fim de junho e a retomada da cobrança de pedágio nas rodovias da região devem provocar novos aumentos nos preços de hortaliças, verduras e frutas em julho.

Apesar da inflação persistente, Londrina teve um mês de maio positivo na geração de empregos. Segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), o município abriu 1.237 novas vagas com carteira assinada no mês. Os setores de serviços (682), construção civil (394) e indústria (225) lideraram o saldo positivo.

A construção civil, em especial, tem impulsionado o mercado de trabalho local. De janeiro a maio, o setor abriu 1.195 vagas, número 47% superior ao mesmo período do ano passado. Em maio, foi o setor que mais cresceu proporcionalmente na cidade, com avanço de 3,20%. A presidente do Sinduscon-Norte/PR, Célia Catussi, avalia que o desempenho atual reflete os lançamentos imobiliários de anos anteriores e projeta que 2025 será um ano positivo para o setor, que ainda enfrenta escassez de mão de obra em diversas funções.

No Paraná, o cenário também é favorável ao emprego. Entre janeiro e maio, o Estado foi o terceiro maior gerador de postos de trabalho do Brasil, com saldo de 84.882 vagas formais. A maior parte das contratações ocorreu nos setores de serviços e indústria, e quase metade das novas vagas foi preenchida por jovens entre 18 e 24 anos.

No campo, no entanto, o ritmo da economia é freado pelos juros altos, que encarecem o crédito para produção, reclamam as lideranças do setor. A taxa básica de juros, fixada em 15% ao ano, tem sido alvo de críticas generalizadas. Para tentar reaquecer o setor, o governo lançou nesta terça-feira (1º) o Plano Safra Empresarial 2025/2026, com previsão de liberação de R$ 516 bilhões para o financiamento de médios e grandes produtores. É o maior volume já destinado ao programa, mesmo sob o impacto da taxa Selic elevada.

O momento econômico inspira cautela. A inflação dos alimentos, os impactos do clima e os custos logísticos tendem a manter a pressão sobre os consumidores nos próximos meses. Por outro lado, o desempenho do mercado de trabalho e o fortalecimento de setores estratégicos, como a construção civil e o agronegócio, abrem espaço para um cenário de recuperação gradual. Os próximos movimentos do mercado financeiro e das políticas públicas devem dar uma noção do que esperar para o segundo semestre.

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