Uma vez por ano, o Santíssimo Sacramento deixa o sacrário dentro do templo para percorrer as ruas da cidade. É a festa de Corpus Christi, que celebra a manifestação da presença viva e real de Cristo na Eucaristia. Uma celebração que tem mais de sete séculos e que, até hoje, nos mostra a importância de celebrar os mistérios da fé.

No Santuário de Nossa Senhora Aparecida, na Vila Nova em Londrina, também realizaremos essas festividades, que também é tradicional na comunidade. No dia 8 de junho, pela manhã, iremos confeccionar os tapetes de sal grosso. À tarde, a partir das 16h, realizaremos uma missa campal, na praça em frente, celebrada pelo arcebispo dom Geremias Steinmetz. Em seguida, realizaremos a procissão pelas ruas do bairro.

A procissão é uma tradição celebrada desde que a festa foi instituída, em 1264. Naquele ano, em Bolsena, uma cidadezinha italiana, ocorreu um milagre eucarístico. Um padre da região da Boêmia, que não acreditava muito na presença viva e real de Cristo na Eucaristia, parou em Bolsena para celebrar uma missa. Ele havia ido em uma audiência com o papa Urbano IV, que estava em Orvieto, distante alguns quilômetros de Bolsena. Durante a missa, na hora da consagração, a hóstia se transformou em um pedaço de carne banhado em sangue, nas mãos do padre, que ficou admirado com o milagre.

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Em Bolsena, conta-se que o padre embrulhou aquele pedaço de carne banhado em sangue em um corporal, ou seja, numa pequena toalha específica para a missa e que existe até hoje em exposição, e correu a pé para Orvieto, para mostrar o milagre ao papa, que estava acompanhado do hoje filósofo São Tomás de Aquino. Lá, o papa Urbano IV atestou a veracidade do milagre e instituiu a celebração do Corpo de Cristo, a fim de que houvesse uma manifestação pública da fé no mistério eucarístico. A procissão que realizamos hoje é uma referência à caminhada que o padre fez de Bolsena a Orvieto. Nas duas cidadezinhas italianas, as respectivas igrejas fazem questão de manter viva essa memória e tradição.

Em Londrina, também mantemos viva essa tradição. As ruas do centro são enfeitadas por diversas comunidades, no entorno da Catedral. Outras paróquias realizam suas procissões, cada qual em seu entorno. Assim como no Santuário, que enfeita as ruas da Vila Nova de Londrina, o primeiro bairro da cidade, para o passeio e a procissão com o Santíssimo Sacramento. Esse momento de fé é importante não apenas para marcar a manifestação pública do Corpo de Cristo, mas, sobretudo, para unir a comunidade em torno de uma festividade litúrgica e religiosa. Isso tudo é importante para manter viva a tradição e a fé.

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Mais do que tudo, é preciso valorizar esse momento religioso, ainda mais porque vivemos numa sociedade cada vez mais secular. Ano a ano, precisamos dar a importância e o significado que a data merece, a fim de que possamos transmitir às futuras gerações o mesmo amor à Eucaristia que aprendemos e recebemos de nossos pais e catequistas. Afinal, é o Corpo de Cristo que nos socorre quando nossa alma necessita do alimento e do combustível para continuar perseverando na caminhada da fé.

Até porque a celebração litúrgica está carregada de significado, inclusive filosófico. Até hoje cantamos a música “Tão Sublime Sacramento”, que é um trecho de uma composição de São Tomás de Aquino, chamada de “Lauda Sion Salvatorem” (Louva, ó Sião, o Salvador). O fato de a religiosidade popular ser fundamentada pela fé de maneira filosófica, mostra-nos que celebrar os mistérios cristãos não é algo vão nem cego, mas, uma manifestação firme e bem fundamentada. Como deve ser a fé. Além disso, transformadora: da nossa experiência pessoal com Cristo e da nossa vivência coletiva.

Por isso, celebre o Corpus Christi. Viva esse momento de fé e de muitas bênçãos! E, se puder, venha celebrar conosco na Casa da Mãe Padroeira em Londrina.

Padre Rodolfo Trisltz, pároco e reitor do Santuário de Nossa Senhora Aparecida.

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