As últimas pesquisas de opinião, sobre a preferência do eleitorado curitibano, mostraram acima de tudo a enorme dificuldade que os políticos brasileiros têm de se comunicar e consequentemente de se fazer entender. Cassio Taniguchi, por seu trabalho e comportamento representa exatamente o perfil do político que todos os cidadãos desejam: é sério, atualizado, competente, preocupado em sempre escolher a melhor opção, é aglutinador, cumpre compromissos, não se sente ‘‘autoridade’’ e conhece Curitiba como poucos.
Apesar de todas essas qualidades, Cassio esbarrou em uma comunicação pouco clara que de certo modo deixou de demonstrar suas virtudes e explicar que são elas exatamente o que cada um de nós cidadãos deseja. Ele permitiu, assim, o crescimento do deputado Ângelo Vanhoni, que cresceu única e tão-somente se aproveitando da artilharia dos irmãos Requião e das polêmicas técnicas levantadas pelo respeitado arquiteto e candidato Forte Netto, além de esquivar-se ao máximo de identificar-se como petista, inclusive fazendo o possível para esconder seu radical candidato a vice-prefeito, assumindo um discurso light e de pouco conteúdo.
Agrega-se a tudo isso o fato de Cassio ter sobre as costas o pesado fardo de estar vinculado por carreira técnica e política ao governador Jaime Lerner, que hoje não agrega votos em nenhuma localidade do Estado além do que, o reconhecimento do eleitor dos prejuízos democráticos dos famosos ‘‘acordos brancos’’ que se tornaram tradição nas últimas eleições no Paraná. Todos esses ingredientes somente poderiam levar o eleitor a optar pela busca por uma nova opção. Deste modo, o bom administrador Cassio Taniguchi está no segundo turno.
O eleitor evidentemente se manifesta muito mais em protesto ao governo Lerner e aos antecedentes políticos no Estado. Demonstra claramente que está em busca de renovação e tal assertiva se confirma com os resultados de Ponta Grossa, Cascavel, Guarapuava, Foz do Iguaçu, além das pesquisas de Maringá e Londrina que também apontam para a vitória do PT.
De outro lado, em Curitiba, o deputado Vanhoni, nada mais fez em sua vida além de política. Após breve passagem pelo Banco do Estado, foi sindicalista, vereador e deputado estadual. Partidário do PT, cumpriu e bem suas obrigações, tendo sido um assíduo e combativo parlamentar, nada tendo o que lhe desabonasse salvo uma suposta operação com o Banestado, em que o mesmo se autoconsidera inocente pelo fato de o banco ter-lhe cobrado juros extorsivos. Contudo, parece-nos pouco para credenciar-se a administrar Curitiba.
A falta de experiência administrativa de Vanhoni se demonstra por seu próprio currículo, não que ele não possa vir a adquiri-la e até fazer uma boa gestão mas, no mínimo, seria duvidoso. Em verdade, Cassio tinha ou tem virtudes para não precisar passar por um segundo turno. Porém, errou ao comunicar-se e errou de forma reiterada, nunca tendo demonstrado sua enorme diferença e suas vantagens em relação a seus adversários.
Nos dois primeiros anos de sua gestão, Cassio se limitou a fazer campanhas de educação de trânsito deixando de informar melhor o dia-a-dia de sua competente gestão. Ele também se esqueceu de criar marcas de sua gestão de modo a que o cidadão pudesse identificar ícones de sua administração. Talvez por estilo ou por deficiência comunicacional, não marcou ou definiu o quanto boa foi sua gestão apesar do 70% de aprovação popular.
Já na campanha, por certo foi fatal o comercial de classificados solicitando experiência mínima de quatro anos. Atingiu em cheio, de modo negativo, o eleitor da faixa dos 16 aos 26 anos. O pior é que penalizou justamente o prefeito Cassio, que é reconhecido como um formador de novos valores.
Depois se seguiram outros enganos de comunicação que, somados à insatisfação da população com o governo do Estado, colocaram o deputado Vanhoni em primeiro lugar nas pesquisas de opinião, depois revertido. Cassio reforçou sua equipe de coordenação trazendo a sensibilidade popular daquele que seja talvez quem mais conhece os curitibanos: o deputado Rafael Greca. Ele também trouxe a autoridade e a eficiência germânica do competente secretário Heinz Herwig. Além do que melhorou sua comunicação de campanha, afinando melhor suas palavras.
Restam dois dias para a decisão, no segundo turno. É necessário que se restabeleça no presente quadro eleitoral em Curitiba. Senão estará o prefeito Cassio Taniguchi pagando uma conta que não é sua, pois como prefeito e como político, cumpriu todas suas obrigações, menos uma: comunicar-se bem.
- ROBERTO BERTHOLDO é advogado em Curitiba
[email protected]