Imagem ilustrativa da imagem CARTAS - Católicos descontentes
| Foto: Roberto Custódio

Como cidadã londrinense que aqui reside há 72 anos, quero demonstrar a minha indignação com a atitude do nosso prefeito que enviou à Câmara de Vereadores projeto de lei que cria o Conselho Municipal dos Direitos LGBT+ em Londrina. Todos somos iguais perante a lei. Deixo claro de antemão que nada tenho contra este grupo de pessoas que optou por esta forma de vida. Todos temos o livre-arbítrio para fazer nossas próprias escolhas. Creio que o sr. prefeito, almejando futuros cargos públicos, queira (visando votos) beneficiar esta camada da população, embora isso não fosse necessário, pois seu trabalho incansável à frente da prefeitura já o torna apto para tal. Como católica praticante, deixa-me sim, indignada, a atitude do nosso arcebispo Dom Geremias. Quanta decepção desde a chegada deste “pastor” que dirige a nossa igreja! Sua fala não representa a mim e creio que a maioria dos católicos (vejam as redes sociais). Dom Geremias, deixe os assuntos políticos e familiares para nós resolvermos. Temos o direito e condições para isso. Seja a pedido de Jesus Cristo aquilo que o seu Ministério lhe exige: “pescador de almas”. Diante da pandemia e tantas situações desastrosas, as pessoas precisam de consolo e de fé em Jesus Cristo. Leve isto a elas. Seja uma igreja em saída como nos pede o papa Francisco... Saia de seu conforto e visite os pobres, os órfãos, as viúvas, os enlutados, o povo sofredor. Vá aos hospitais orar e ungir os doentes. Cuide com amor e palavras doces do seu rebanho. A nós, católicos, só nos resta dobrar os joelhos e pedir a Deus pelo senhor, uma vez que não nos é dado o direito de escolher um outro pastor. Isto nos agradaria muito. Lembre-se: “A quem muito foi confiado, muito mais será exigido" Lc 12,48.

Vera Lucia Guidugli Golono (professora aposentada) - Londrina

Quem é esse povo?

Caro Adalberto Baccarin (Opinião, 12/09), diante de seu interesse discorro mais uma vez. Ainda que seja comum, ao senso comum, a imagem de que intelectuais estão apartados da sociedade e de seus problemas, lhe asseguro que a realidade nem sempre foi assim e, atualmente, está ainda mais distante desta. Historicamente, basta olharmos para intelectuais como Alberto Guerreiro Ramos e Virginia Bicudo para constatarmos isso. Contemporaneamente, a entrada de estudantes negros e/ou oriundos das classes exploradas têm inclinado as universidades para questões populares. Por esses e outros motivos, posso garantir que nem todos os mestres e doutores (aqueles que de

fato possuem a chancela de um programa de pós-graduação) estão desatualizados; de fato, o contrário tem ocorrido. Para atualização

aprofundada leia minha dissertação: As ações afirmativas como tensão à estrutura universitária: o caso da UEL (2004-2018). Em função do pouco espaço, não poderei explicar em minúcias as demais questões, mas é necessário versar sobre elas. Discordo que seja de pouco proveito debater sobre a pseudo (ou vergonhosa) tentativa de golpe de Estado, sendo você um participe de tais ideias. O debate pode servir para levar os leitores a refletir. Diante do clamor da manifestação por “fechamento do STF”, me cabe à pergunta: em que momento a CF-88 prevê a legalidade de medidas que vão contra as instituições que garantem a democracia? Assim, tratava-se de uma tentativa de golpe de Estado. Sobre a tentativa de resposta à questão "quem é esse povo?", é nítida a construção do retrato de um grupo de pessoas que são tudo menos o "povo", no sentido que a Revolução do Haiti dá ao termo, ou seja, o sentido político de real depositário da

soberania nacional. Por fim, entre as diversas contradições expostas ao final, cabe apenas destacar que quem produz riqueza é o povo.

Nikolas Pallisser Silva (doutorando em Sociologia pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de São Carlos)

- Londrina