Queridas mulheres:

Fiquei sabendo que ainda não eram 6 horas da manhã quando vocês estavam lendo o artigo publicado na Folha de Londrina a respeito das minhas pesquisas sobre samba. Numa dessas lindas coincidências da vida, naquele mesmo final de semana eu encontrei a Adriana, colega de trabalho de vocês. A primeira pergunta dela foi o que eu estava fazendo às 5:45 da manhã. Eu estava dormindo. Então ela me contou que a essa hora um grupo de mulheres que trabalha com ela no setor de limpeza já havia lido meu texto.

Ela disse que vocês gostaram do que escrevi e acharam muito bonito ver uma mulher assim tão estudada. Falou que além de aprender sobre cultura, também reparou meu jeito de escrever: o uso da vírgula, da exclamação e dos dois pontos.

Curiosa, me perguntou se quando escrevo eu imagino quem vai ler e o que esse texto pode provocar nas pessoas. Confesso que é muito difícil saber o que acontece com um texto publicado. Por isso adorei saber o que aconteceu naquele quartinho, onde 9 mulheres se preparavam para a labuta.

No final da conversa, com a voz embargada pela emoção ela me pediu: "Ju, continua escrevendo pra gente, por favor, é importante." Eu fiquei comovida dum jeito! Não sei dizer qual coração emanava mais gratidão, nem em qual face corriam mais lágrimas. Me lembrei do trecho de uma música do Caetano que diz assim: "a lágrima clara sobre a pele escura". Era essa imagem que víamos olhando uma para a outra.

Não conseguimos falar mais nada, nem era preciso. O abraço bem apertado e demorado ficou para depois. Tomara que aconteça numa roda, quando estiver tocando aquele samba "um sorriso negro, um abraço negro, traz felicidade".

Meninas, talvez vocês não saibam, mas tem um site chamado Plataforma Lattes, onde cientistas, professores e estudantes publicam seus currículos. Lá tem um campo chamado popularização da ciência, para inserir atividades que tornam o conhecimento científico um assunto de todos. A partir de hoje vocês vão estar no meu currículo.

Se eu inspiro vocês, saibam que vocês me incentivam a continuar. Fazer ciência no nosso país tem sido uma labuta, uma luta baseada na convicção de que vale a pena produzir e compartilhar conhecimentos. Eu não vou parar, tá? Ainda mais sabendo que isso pode chegar para tanta gente, nas horas e locais mais improváveis. Agradeço à Célia Musilli e ao Marcos Roman pelo convite para escrever. Um momento como este dá ainda mais sentido a tudo que faço como pesquisadora.

Juliana Barbosa (doutora em Estudos da Linguagem) - Londrina

Voto manual?!

Quero solicitar ao sr. Daniel Marques, historiador de Virginópolis/MG que indique onde leu ou ouviu reportagem informando que o presidente Jair Messias Bolsonaro esteja defendendo o retorno do voto manual ("Bolsonaro quer a volta do obsoleto, lento e trapaceiro voto manual", 08/07/2021, Opinião). Acompanho de perto a política nacional e não vi nada a este respeito, nos últimos dias. De antemão, agradeço.

Nina Cardoso (psicóloga) - Londrina

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