O que a princesa Diana, a atriz Marilyn Monroe e o assassino serial Jeffrey Dahmer têm em comum? Todos foram diagnosticados com TPB (Transtorno de Personalidade Borderline), condição que afeta cerca de 6% da população mundial, de acordo com dados da ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria). Cabe ressaltar que, em cada caso a doença se manifestou de forma única – como os comportamentos instáveis e autodestrutivos da atriz ou psicopatia do assassino americano.

O termo surgiu para incluir aqueles que estão em um estado médio entre o neurótico e a psicopatia. Entretanto, diferentemente da depressão e da ansiedade, o Borderline traz um risco muito maior para si – cerca de 10% dos casos terminam em suicídio – e para os demais, uma vez que torna os relacionamentos interpessoais instáveis ou extremos. Isso ocorre devido a um sentimento de desvalorização que afeta a percepção individual.

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Assim é comum observamos em pacientes comportamentos crônicos, como pensamentos destrutivos, humor instável, compulsão alimentar e a predominância de vícios (seja no abuso de substâncias alucinógenas ou na promiscuidade sexual). Há ainda um forte sentimento de culpa, movido por medo e paranoia, que faz com que o indivíduo perca sua essência em busca da aprovação dos demais.

Devido a dificuldade de lidar com frustrações, o borderliner não aceita ser contrariado, o que torna difícil a convivência dentro da sociedade. De acordo com Winnicott, psicanalista inglês, isso ocorre porque temos duas personalidades (ou self): a verdadeira, que representa aquilo que somos, e a falsa, o reflexo do que seremos no mundo. No caso do TPB essas noções se misturam, o que gera a perda da identidade própria.

Mulheres são as mais afetadas pela personalidade Borderline. Já ouviu falar?

Para além de gênero ou classe social, o transtorno está presente na sociedade, e se manifesta através de diferentes formas – desde uma celebridade “problemática” e um perigoso assassino até mesmo alguém com dificuldade em manter um relacionamento sério. Em todos os casos, a melhor opção é procurar um tratamento especializado e buscar ajuda. Borderline não é frescura, é humano.

Cristina Navalon é psicóloga com especialização em Psicanálise do Adolescente, Psicossomática e Doenças Mentais.

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