O início da vacinação contra a dengue, no mês de fevereiro, pode ser considerado um momento histórico na saúde pública no Brasil. A doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti já chegou a desaparecer no país. Mas quando voltou com força, em meados da década de 1980, o vírus mostrou e continua mostrando, todos os anos, seu poder de contaminação em grande escala.

A dengue pode levar o paciente à hospitalização e, nos casos mais graves, causar a morte. Há muito se esperava por uma vacina contra a dengue. As doses que estão sendo aplicadas hoje pelo SUS (Sistema Único de Saúde) são do imunizante QDenga, produzido pelo laboratório japonês Takeda.

Existe um esforço do Brasil em produzir sua própria vacina para que se possa efetivamente promover a vacinação em massa contra a dengue. A candidata a vacina do Instituto Butantan está em fase de testes, apresentou eficácia de 79,6%, resultados considerado bastante positivos, mas ainda precisa finalizar os ensaios clínicos e passar por processo regulatório.

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), por outro lado, está em negociação com a farmacêutica Takeda para possível transferência de tecnologia e produzir o imunizante por aqui.

Enquanto há muita gente torcendo para que o Brasil consiga produzir seus próprios imunizantes e promover a vacinação em massa contra a dengue, muitos pais que poderiam levar seus filhos para vacinar estão abrindo mão desse benefício.

A quantidade de vacinas disponibilizadas pela farmacêutica é insuficiente para toda a população, por isso o governo priorizou as crianças e adolescentes.

A expectativa era vacinar em março crianças com idade entre 10 e 11 anos, mas o Ministério da Saúde observa em todo o Brasil uma baixa adesão à campanha. A quantidade de doses é insuficiente para toda a população, por isso o governo priorizou as crianças e adolescentes.

Em Londrina e outras cidades da região não é diferente, como mostra reportagem da FOLHA. Até segunda-feira (4), Londrina tinha 3.235 crianças vacinadas, sendo que o montante almejado é de 13.204. “Infelizmente sofremos uma corrente antivacina, até mesmo antes da pandemia de Covid-19. Imaginávamos que seria um dificultador em relação à dengue”, observou Felippe Machado, secretário municipal de Saúde.

“Nossa maior dificuldade é a questão da conscientização. Que os pais e mães de crianças nessa faixa etária possam entender a importância da vacinação. A vacina protege as crianças em mais de 90% dos casos graves de dengue”, orientou o secretário.

Em Cambé, das 2.676 doses recebidas, foram aplicadas apenas 521, ou seja, menos de 20% do total. Rolândia recebeu 1.854 doses e aplicou 427.

Ibiporã imunizou 181 meninos e meninas. Ainda estão à disposição aproximadamente 1.150 doses. Jataizinho, que obteve 315 doses, imunizou 51 crianças, o que representa 16% do público-alvo.

A baixa adesão pela vacina contra a dengue é mais uma sequela da desinformação. Conscientizar a população sobre a importância do imunizante é uma questão de saúde pública.

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