Passada a euforia pelo início da aplicação das vacinas contra a Covid-19 no Brasil e no mundo, a expectativa sobre a imunização em massa ainda é grande, mas surgem notícias que colocam em dúvida a eficiência desta ou daquela marca.

É fato, por exemplo, que a vacina Oxford-AstraZeneca não está sendo aplicada em pessoas com mais de 65 anos em vários países da Europa, a justificativa é que não existe comprovação da eficiência dessa vacina para idosos. Se na França, Alemanha, Suécia, Áustria e Polônia ela não é recomendada para quem tem mais de 65 anos, na Itália e na Bélgica ela sequer é considerada eficaz para quem tem mais de 55.

No Brasil, a Oxford/AstraZeneca recebeu a aprovação da Anvisa - Agência Nacional de Vigilância Sanitária - para todas as faixas etárias, assim como no México, Índia e Argentina onde ela vem sendo usada em larga escala. A Fiocruz, laboratório responsável pela fabricação dessa vacina no País, já respondeu aos questionamentos da sub-procuradoria da República sobre a eficácia que foi posta em xeque. A diretora da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, afirmou que os relatos que apontam que a eficácia da vacina é baixa em idosos “não são reflexos precisos da totalidade dos dados ou dados mais recentes avaliados”. Ela disse que novas pesquisas mostram que ela mantém a eficácia para esta faixa etária e que se aguarda a publicação destes estudos para os próximos dias.

O fato é que a "guerra das vacinas" tem também um viés político-ideológico que pode funcionar como freio ou alavanca àquilo que mais interessa à industria farmacêutica e seus respectivos países: o mercado. Não vão longe os dias em que a vacina CoronaVac, fabricada no Brasil a partir de um consórcio entre o laboratório Sinovac e o Instituto Butantan, era chamada de "vacina chinesa" ou "vacina do Dória", numa tentativa de desqualificação do produto a partir de sua origem. Um erro que fica cada vez mais evidente quanto mais se aplica a CoronaVac no País, sem que se haja relatos de reações adversas, sendo hoje esta vacina a salvação de muitos estados e municípios brasileiros com altos índices de contágio. Sem ela, a população brasileira teria muito menos chance de se imunizar.

A vacina Oxford-AstraZeneca é fabricada pela Grã-Bretanha que recentemente se retirou da UE - União Europeia. Não é possível afirmar, mas talvez o Brexit tenha a ver com a rejeição da vacina britânica em outros países europeus. O tempo dirá se sua "eficácia" é um problema científico ou político-econômico

Para piorar o cenário da "guerra das vacinas" nos moldes da "guerra fria", surgiram nesta segunda-feira (8) nos principais veículos de imprensa, informações de que a Rússia está disseminando fake news para promover sua vacina: a Sputinik-V. Com eficácia comprovada de 91,4%, a vacina é uma excelente opção, mas não é preciso que o governo russo faça campanhas desqualificando vacinas fabricadas na Europa e nos EUA para enaltecer seu produto.

O que mais o mundo precisa no momento é de vacina e saúde, mas, pelo visto, governos antagônicos e seus seguidores aprenderam bem pouco com a pandemia. Depois de tudo, a vida parece continuar valendo muito menos do que aquilo que todos os governos prestigiam: o "deus mercado", sem se importar muito com o que isso representa de desinformação e perdas para a população do mundo inteiro.

A FOLHA deseja muita saúde e discernimento aos seus leitores!