Toda obra urbana, por menor que seja, provoca um misto de transtorno e expectativa. Atrapalha o tráfego de veículos e pedestres e, muitas vezes, bagunça a vida de moradores do entorno, no entanto, se bem executada, promove uma melhoria permanente a todos os cidadãos. Londrina tem convivido nos últimos anos com essas duas situações: intervenções viárias de grande impacto e inquestionável importância quando concluídas, mas que geraram enormes transtornos e custos extras ao longo de sua execução.

De pronto, podemos citar a duplicação do trecho urbano da PR-445, promovida pelo governo estadual, uma novela de anos que envolveu um viaduto rachado (na transposição com a avenida Dez de Dezembro) e paralisações sucessivas dos trabalhos por falta de pagamento das empresas contratadas aos funcionários.

A obra, de 17 quilômetros, teve início em outubro de 2012, com licitação superior a R$ 95 milhões (valores da época), e previsão de entrega de 540 dias – o que dá pouco mais de um ano e cinco meses. Em 2014, portanto depois do prazo, a duplicação ainda não estava totalmente concluída e já tinha custo total de quase R$ 140 milhões.

Passados sete anos de sua inauguração, é inegável que os benefícios trazidos pela obra são evidentes e, espera-se, duradouros. Só que o preço pago por isso foi alto – literalmente.

Mais recentemente, a construção do viaduto da Dez de Dezembro com a avenida Leste-Oeste gerou novas dores de cabeça aos londrinenses que costumam trafegar por aquele trecho. Problemas identificados ao longo da execução do projeto retardaram a inauguração da importante obra, sob responsabilidade da prefeitura, que visa ligar de maneiras mais rápida e segura as regiões sul e norte. O viaduto, cuja construção teve início em 2018 e que originalmente deveria ter sido concluído em meados de 2019, foi oficialmente inaugurado em julho de 2020, com custo de mais de R$ 17 milhões.

Atualmente, a intervenção urbana mais aguardada pelos londrinenses provavelmente seja a de revitalização do Bosque Central. A ideia de transformar o espaço histórico em uma praça de lazer com iluminação e vigilância adequadas aparentemente foi bem recebida por quem passa por ali diariamente e moradores da região, cansados de conviver com o mau cheiro, a degradação e a violência que vêm marcando há tempos aquela área tão simbólica da cidade.

É por isso que gera preocupação a notícia, publicada nesta terça-feira (13) pela FOLHA, de que os serviços de revitalização no Bosque serão entregues com atraso. A construtora San Pio, de Pedrinhas Paulista (SP), informou à prefeitura que o serviço só ficará pronto no final de novembro, contrariando todas as previsões iniciais.

A empresa pediu mais três meses para concluir tudo após o término do primeiro aditivo já concedido, em 22 de agosto. Sem a prorrogação, que contraria o prazo estipulado em contrato, a expectativa era que o ponto histórico fosse entregue na última sexta-feira (9). A administração municipal promete fiscalizar os trabalhos, o que afinal não passa de sua obrigação. Há de se reconhecer que a gestão Marcelo Belinati tem sido marcada por importantes intervenções viárias, mas é imprescindível que tudo ocorra com presteza e sem gastos desnecessários.

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