Em um período marcado ainda pela crise econômica, foi uma grata surpresa a notícia de que Londrina ganhou uma posição e teve o 46º maior PIB (Produto Interno Bruto) total do País em 2016, com R$ 18,4 bilhões. A informação foi divulgada na última sexta-feira (14) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). É uma recuperação importante, lembrando que a cidade havia caído para a 50ª colocação em 2014, subiu à 47ª em 2015 e voltou a galgar o ranking no último balanço disponível.

Mesmo sendo um dado positivo, é preciso uma análise cautelosa. Isso porque economistas apontam que o avanço no ranking se deve mais a perdas de "concorrentes" que contam com indústrias de maior valor agregado, como a automobilística, que despencaram no período.

Por ser um polo de consumo de uma região forte no agronegócio, ter vocação para o comércio e os serviços e contar com uma industrialização que se alterna entre metalmecânica e alimentícia, Londrina sofreu menos do que cidades como Campo dos Goytacazes, localizada no Estado do Rio de Janeiro. Forte em petroquímica, o município fluminense era 20º em 2015 e participava com 0,6% do PIB nacional, mas a crise do petróleo e todos os problemas enfrentados pela Petrobras no âmbito da Operação Lava Jato fizeram com que caísse para 50º, com índice de 0,28%. Macaé, localizada também no Rio, e Serra, no Espírito Santo, têm a mesma matriz produtiva e também foram ultrapassadas por Londrina em 2016.

Em entrevista à FOLHA no último final de semana (15 e 16), o diretor de Pesquisa do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social, Daniel Nojima, explicou que o problema do setor petroquímico se aplica da mesma maneira a outros tipos de indústria de alto valor agregado. A Região Metropolitana de Curitiba, que tem uma indústria forte em bens de capital e de veículos, sentiu bastante o peso da crise. O crescimento do PIB em Londrina pode ter sido influenciado também pela força do agronegócio, que movimentou o comércio e os serviços na cidade.

Os números do IBGE rendem uma reflexão mais profunda, pois derrubam o modo de pensar de que as cidades menos industrializadas sofrem mais em períodos de crise econômica. No final do ano que vem, com a revelação do PIB de 2017, será possível verificar se a retomada da economia, que mesmo tímida começa a dar sinais, irá influenciar e trazer de volta para as melhores posições do ranking as cidades com parques industriais mais importantes.