Amamentação emocional
Cada um de nós é a pátria
PUBLICAÇÃO
quarta-feira, 05 de setembro de 2012
Sylvio do Amaral Schreiner <br> Walmor Macarini
É mais do que conhecida a importância da amamentação na vida do bebê. Há campanhas que incentivam esse ato que ajuda na saúde do bebê. Não vou me deter sobre os aspectos nutritivos físicos da amamentação, mas dos aspectos emocionais que acabam sendo esquecidos ou menos valorizados. A amamentação é também um ato de alimentação emocional. Nosso corpo precisa de nutrição física senão não há desenvolvimento, porém nossa mente também necessita de nutrição. E caso não a receba, não se desenvolve ou se desenvolve muito insuficientemente. A primeira alimentação emocional que recebemos na vida é com a amamentação. Isso acontece porque na amamentação não é só o leite que é transferido da mãe para o bebê, mas também o afeto e é justamente esse ''alimento'' que nos torna humanos. Sem ele não somos nada mais do que pedaços de carne.
Quando um bebê mama há a chance de se desenvolver uma ligação emocional profunda com a mãe. O bebê, ao receber esse cuidado, se sente seguro e pode internalizar essa figura de mãe boa. Esse processo de internalização é de extrema importância para o bebê criar autoconfiança e amor por si próprio. A amamentação é uma forma de amor e o bebê ao se sentir amado se permite também se amar. Faz ele se sentir merecedor desse amor e poderá carregar para o resto da sua vida esse sentimento. Quando tudo ocorre bem na amamentação o bebê pode crescer seguro de suas capacidades e potencialidades.
Sem alimento emocional o bebê não tem chances de se desenvolver com segurança. Faltou nutrição em sua mente. Tornam-se pessoas carentes e inseguras e que não sentem que tiveram o suficiente. Ficam famintas e com baixa autoestima, pois não internalizaram o sentimento de amor. É claro que todos esses problemas podem ser trabalhados mais tarde, mas isso não significa que a amamentação não deva ser vista como algo de vital importância para a vida. Amamentar é muito mais que um ato físico, é um ato que ajuda a formar um novo humano. Leite e afeto são necessários para crescer bem. Isto é alimentar o corpo e a alma.
SYLVIO DO AMARAL SCHREINER é psicoterapeuta em Londrina
Cada um de nós é a pátria
Mais uma vez, e usando as mesmas palavras, revejo meus valores e concluo que atribuí importância exagerada àqueles que elegi, e me escandalizei com a inoperância deles e seus desmandos. Penitencio-me, porque eles são reflexos de mim mesmo e do meio em que vivo. Mas agora ponho-me de pé e à ordem, porque a pátria não é constituída apenas pelos governantes, mas por toda a nação brasileira de 194 milhões. Cada um de nós é a pátria, então temos de definir o que queremos.
Se apenas fico indignado, minha mente se turva e não consigo raciocinar claramente, mas se me levanto e deixo escapar meu brado de protesto torno-me existente e visível, posso puxar mais um e assim seremos dois, que puxarão mais dois e seremos quatro, e assim sucessivamente. Minha sensação de impotência foi pouca coragem e baixo grau de decisão e cidadania. Recuso-me a acreditar que os valores maiores estão perdidos, porque acredito-me possível, com fé convicta no poder que carrego comigo.
Os corruptos e os corruptores são a minha pátria defeituosa. Em parte também contribuí para torná-la assim, por negligência, conformismo, comodidade e alguns comportamentos semelhantes. Também tenho perdido tempo demais com lamentações e me apequenei ao fazer grandes certos líderes que pouco tinham de grandeza. Mas não quero odiar os governantes e nem os malfeitores, porque isto me cega e assim perco o rumo. Desejo, sim, que eles se emendem, pela iluminação de suas consciências e pelo que posso contribuir com os meios de que disponho.
Se busco apenas levar vantagem, se fujo de minha responsabilidade de cidadão, se não cultivo a esperança e ainda aniquilo com a do meu próximo, se não controlo meus pensamentos, palavras e atos, se apenas penso em competir e não em partilhar, se semeio a maledicência e, disfarçadamente, pratico formas de enganação, então passo a fazer parte da pátria marginal. Não quero que os governantes que temos me mudem, mas mudo a mim mesmo. Se eu for melhor, eles serão melhores.
WALMOR MACARINI é jornalista em Londrina