Uma das principais metas previstas no Plano Nacional de Educação é a alfabetização de todas as crianças brasileiras ao final do terceiro ano do ensino fundamental até 2024. Esse é apontado também como um dos grandes desafios para os gestores da área. A afirmação é do ministro da Educação, Rossieli Soares da Silva, que esteve recentemente em Londrina e concedeu entrevista à FOLHA.

Educação foi o tema da última edição do EncontrosFolha, realizado em março. O evento tratou dos avanços e retrocessos na área. Pesquisas apresentadas pelos participantes mostram que 54,73% dos estudantes brasileiros acima dos 8 anos estão em níveis insuficientes de leitura, 33,95% não atingiram os níveis de escrita e 54,4% não atingiram os níveis de matemática.

Outra constatação é que 60% dos alunos do quinto ano do ensino fundamental não aprenderam o adequado em português e matemática e, no nono ano, 73% dos alunos não aprenderam o adequado em português e 83% em matemática. Além disso, 84% dos jovens de 15 a 17 anos estão matriculados na escola, mas só 59% terminam o ensino médio aos 19 anos.

O ministro admitiu os problemas, mas adiantou que o MEC (Ministério da Educação) tem investido em programas para solucioná-los. Rossieli Silva aponta, por exemplo, que o Saeb (Sistema de Avaliação Básica) vai avaliar, a partir da Base Nacional Comum Curricular, o que os alunos devem aprender. Outra novidade destacada pelo ministro é a avaliação da qualidade da educação infantil.

Rossieli Silva reconhece que o nível de alfabetização no País está longe do ideal, uma vez que mais da metade das crianças que frequentam escolas públicas não aprende a ler e a escrever até o final do terceiro ano, quando grande parte delas tem nove anos. Por outro lado, as crianças que estão em escolas particulares estão sendo alfabetizadas no primeiro ano do ensino fundamental.

Com investimento em formação de professores e o apoio ao professor na sala de aula com assistente de alfabetização, aponta o ministro, o País deve ao menos se aproximar do índice de 100% das crianças alfabetizadas ao final do terceiro ano.

O ministro aponta ainda que a reforma do ensino médio é o grande desafio da educação brasileira. Isso ocorre por conta da dificuldade de atrair e se conectar com o jovem. O resultado é que, por ano, 3,5 milhões de jovens ingressam nesta etapa e que 1,8 milhão de estudantes saem. Para reverter esse quadro, o MEC aposta na formação de professores, diz o ministro. Mas para valorizar realmente a carreira, é essencial pagar salários dignos.