Ainda há tempo para mudar de rumo
PUBLICAÇÃO
terça-feira, 25 de fevereiro de 1997
Antonio Belinati
Quando lideranças de todo o Norte do Paraná se reúnem neste sábado para definir uma estratégia única, cobrando maior representatividade e direcionamento nos investimentos, o governo do Estado tem toda a oportunidade para mostrar que tem sensibilidade e consideração pelos mais de 2 milhões de norte-paranaenses. O Movimento do Norte, como está sendo chamada esta reunião, não se trata de uma cobrança por parte de uma população indignada. É sim a junção de esforços de gente que tem responsabilidade e que, em nome disso, pretende ver sua gente participando das decisões do Paraná e influindo diretamente nas políticas a serem adotadas em uma administração.
Durante os últimos dias fui cobrado se a iniciativa em gritar por representatividade - a partir da coordenação desta reunião de sábado - não significava um rompimento com o político Jaime Lerner. Tenho procurado esclarecer que o governador do Paraná, um dos brasileiros de maior credibilidade no exterior, está tendo a chance de mudar a rota, ou seja, de ouvir a reivindicação de toda uma região. Não estamos, através deste movimento, pedindo cargos para um ou outro político, mas sim participação nas decisões deste governo e, consequentemente, queremos que nosso Norte do Paraná tenha as condições políticas e técnicas para atrair empreendimentos.
As grandes conquistas da região metropolitana de Curitiba são de grande orgulho para nós paranaenses. A população do Norte não quer tirar nada de ninguém. Temos condições de desencadearmos políticas que resultem em indústrias e geração de novos postos de serviço. O governo estadual é fundamental nessa luta pela melhoria da economia. O peso do cargo do governador funcionou para a região Sul do Estado.
Sabemos que Jaime Lerner tem pensado o Paraná estrategicamente, como cidades do interior mais competitivas, através de acesso mais fácil, rápido e econômico ao Porto de Paranaguá. São iniciativas desse porte que valorizam a nossa região.
É chegada a hora de distribuirmos as vantagens. Nossa região carece de uma divulgação estratégica que possa vislumbrar em empresas do exterior. O governo poderia fazer esta integração a partir de estabelecimento de vantagens tributárias para investimentos fora da região metropolitana. É preciso ainda mostrar o valor existente nas cidades da região Norte.
Em Londrina, temos apresentado aos empresários o nosso potencial de maneira clara. Telefonia pioneira e de primeiro mundo, infra-estrutura urbana invejável e ainda recursos naturais que nos colocam em condições de abrigar grandes empreendimentos. Essas qualidades poderiam render dividendos ainda maiores se divulgadas a partir do peso do cargo que ocupa o político Jaime Lerner, que repito, é o brasileiro de maior credibilidade no exterior.
Não queremos romper com o governo estadual, que tem tido iniciativas concretas e colocado o Paraná em destaque no cenário nacional. O secretariado de Lerner tem, de mesma maneira, nomes fundamentais para que este trabalho seja feito de modo a atingir resultados concretos. Mas confesso que não pude deixar de criticar a declaração do governador que o critério para a escolha do seu primeiro escalão é de competência. Sem dirigir crítica a nenhum ocupante, não posso deixar de reprovar tal citação, já que existem grandes homens e mulheres não só no Norte do Paraná, mas em todas as regiões.
Questionado sobre isso, não pude deixar de comparar o que espero do governador - a partir dessa nossa reunião - com a situação de um comandante de uma aeronave, quando precisa mudar a rota. O governador tem a partir do nosso movimento a chance de entrar para a história como o político que deu ouvidos a uma importante reivindicação.
A decisão do governador terá reflexos imediatos e deverá inclusive interferir na movimentação política que deve começar nos próximos meses visando as eleições de 98. Em 94, quando Lerner disputava a eleição, a região Norte mostrou seu apoio e o ajudou a conquistar a vitória que o levou ao Palácio Iguaçu. A hora apropriada para esta compensação é agora.