O acesso a novas tecnologias e a modernização das leis são importantes caminhos para o fortalecimento da agricultura familiar no Paraná. Reportagem publicada do último fim de semana na Folha Rural mostra como esses avanços são essenciais, trazendo como exemplo a produção de queijos artesanais.

A matéria traz a história de um casal de Londrina, que após duas décadas investindo na produção de leite, conquistou recentemente a quarta colocação entre os 185 concorrentes do 1º Concurso de Queijos Artesanais do Paraná, promovido pela Emater com apoio do Ministério da Agricultura.

Eles passaram a produzir queijos há cerca de dois anos para driblar as dificuldades nos períodos de baixa na comercialização do leite. Começaram com o frescal e depois partiram para o meia cura e o parmesão. Para isso, buscaram acesso à informação e tecnologia junto à UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná).

Descobriram, por exemplo, que produzindo o fermento na propriedade, com as bactérias benéficas do ambiente, conseguiriam chegar a um queijo único, com as características locais, obtendo assim maior qualidade e valor agregado. O resultado é que os queijos dos londrinenses podem ser comparados aos produzidos em Minas Gerais e até na Europa. Porém, ainda estão fora do mercado tradicional, vendendo direto ao consumidor.

O Paraná é o segundo maior produtor de leite do País. Muitas propriedades leiteiras são de pequeno porte e lutam para se manter na atividade. A produção de queijo poderia transformar a vida de muitos produtores.

Muitos já investem na atividade, mas esbarram na formalização. Segundo dados da coordenação estadual de agroindústria familiar da Emater, 60% dos queijos inscritos na primeira edição do concurso foram de leite cru e em 80% das propriedades não existe legalização, ou seja, a produção é vendida apenas no mercado informal.

O desafio, portanto, é organizar os produtores e promover o acesso à assistência técnica, fazendo parcerias com universidades e demais entidades, para que os regulamentos técnicos sejam atendidos.

No Paraná, com base na média dos últimos censos agropecuários, mais de 80% das propriedades rurais são da agricultura familiar. Assim como os queijos, demais produtos artesanais como embutidos, geleias, conservas, entre outros, têm potencial para sair da informalidade se houver mais incentivo do poder público.

O potencial de mercado existe. Basta ver as inúmeras feiras livres que se proliferam por Londrina e demais cidades, com um consumidor cada vez mais exigente e disposto a pagar por originalidade. Mas, para isso, produção, qualidade e legislação sanitária precisam caminhar juntas.