O novo coronavírus trouxe uma triste realidade, um vírus com sede de morte e que mata sem escolher vítimas, brancos ou negros, ricos ou pobres, mulheres ou homens e, acreditem, não observa nem ideologias políticas, pois o corona tem fome de vítimas. Aqueles que não tiveram a vida ceifada e que ainda estão ligados à educação, percebem que a relação aprender-ensinar é também uma das vítimas desta pandemia.

O coronavírus afeta a educação no Brasil e essas feridas deixarão sequelas profundas, com certeza os alunos, de qualquer nível, perdem na qualidade de aprendizagem. Tudo é novo para professores, alunos, direção e todos que estão envolvidos com o tema. Após 1 ano de pandemia ainda se buscam alternativas e metodologias que atendam satisfatoriamente todo o seguimento da educação.

Nada disso é uma grande novidade, mas há um grupo de pessoas que fica ainda mais vulnerável neste quadro pandêmico de aulas à distância, trata-se da educação dos alunos que têm algum tipo de deficiência. A verdade é que o desafio no caso da pessoa com deficiência é ainda maior, tanto para professores, quanto para alunos, pois como atender um aluno surdo ou cego, visto que as aulas são remotas? O leitor de tela auxilia o aluno cego, mas nem sempre esse aplicativo dá conta de tudo. Há que se atentar também para os alunos surdos, autistas, com TDAH, com atraso mental, dentre tantas várias outras pessoas com as mais variadas deficiências e que estão inseridas no contexto da educação. Enfim, uma gama de alunos que dependem de uma atenção especial para que tenham um desenvolvimento estudantil satisfatório.

Neste aspecto, não se pode deixar de lado que a proteção à pessoa com deficiência é um compromisso constitucional e que a educação, oferecida de forma privada ou pública, é um direito fundamental com o qual o Estado brasileiro se comprometeu. No caso de Londrina, em particular, as aulas do ensino fundamental 1 e do infantil sequer chegaram a voltar. Uma escolha da administração municipal, cujas consequências ainda não se pode dimensionar claramente, para o bem ou para o mal. Independentemente da linha de abordagem ligada ao retorno das aulas, é necessário que a educação seja tomada a sério e que, principalmente, as pessoas com deficiência sejam colocadas numa situação de especial proteção, pois se já não tem sido fácil em tempos de normalidade atender adequadamente as necessidades das pessoas com deficiência, durante esta pandemia, com várias altas prioridades, as necessidades das pessoas com deficiência são facilmente esquecidas ou deixadas de lado.

Como citado no início, tudo é novo, e em um regime de adaptação é normal acertar e errar, por isso, em tempos difíceis como o atual, se faz necessário prudência e, principalmente, que cada um se dedique um pouco mais para atender os alunos da melhor maneira possível, em especial os alunos considerados deficientes, que não devem ser esquecidos a margem dos já inúmeros obstáculos que todos estão encontrando desde o início da pandemia, pois nunca foi tão verdade que as escolas devem formar cidadãos, e ninguém consegue exercer sua cidadania sem participar e opinar na sociedade, e isso só se é possível através da educação.

Rogério Alves dos Santos é deficiente visual e aluno do 7º período do curso de Direito; Flávio Pierobon é mestre em Direito, advogado e professor universitário