Afirmar que a pandemia de Covid-19 causou impacto no mundo todo é lugar comum. Economia, política e educação nos mais diversos países sofreram alterações por conta do avanço da doença. O Brasil foi uma das nações que ficaram com as escolas fechadas por mais tempo. E o resultado é um prejuízo grande para o futuro das crianças e jovens do país.

Uma pesquisa que conta com a participação da UEL (Universidade Estadual de Londrina) tem o objetivo de medir as perdas educacionais registradas durante o período em que o ensino remoto foi a única saída em razão das medidas restritivas e de proteção decretadas pelos governos.

O projeto é um desdobramento de ações de grupos de pesquisas vinculados aos programas de pós-graduação em Educação da UEL e de outras cinco instituições estaduais e federais de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Alagoas e Maranhão. São cerca de 30 pesquisadores participantes, entre docentes, alunos de mestrado e doutorado e egressos de iniciação científica.

Em outro levantamento, o grupo de pesquisa constatou que o número de crianças de 6 e 7 anos que não sabem ler e escrever cresceu 66,3% entre 2019 e 2021. Uma consequência óbvia do impacto do fechamento das salas de aula durante o início do período pandêmico.

“Os alunos dos anos iniciais e educação infantil aprendem a partir da interação. O ensino remoto não foi interessante para o processo de aprendizagem e deixou claro para todos que a educação a distância não funciona com alunos da escola da infância”, destaca a professora Adriana Regina de Jesus, da UEL, que coordena o projeto.

Em abril, a pesquisa foi contemplada para receber recurso da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), do Ministério da Educação, no valor de R$ 100 mil. O grupo projeta encontrar relatos de educadores sobre ações de leitura que deram certo durante a fase mais aguda da pandemia, os retrocessos e as diretrizes implementadas na retomada presencial.

Perto de 500 escolas serão procuradas, incluindo em Londrina, que é berço de uma iniciativa de reconhecido sucesso no incentivo à leitura entre crianças. Trata-se do Palavras Andantes que, desde 2003, promove a leitura e incentiva o desenvolvimento crítico das crianças da chamada Primeira Infância.

Até 2020, a iniciativa acontecia com o professor mediador de leitura nas bibliotecas das escolas, com atividades semanais de contação de história e empréstimo de livros. Com o isolamento, a equipe passou a mandar histórias gravadas e livros no formato PDF. Com isso, o estímulo ao hábito de ler passou também para as famílias.

Em 2022, o projeto tem unido o físico com o virtual. Semanalmente, os alunos têm contação de história. Uma semana é com o professor mediador, de forma presencial, e na outra por meio de vídeo.

Iniciativas como essa têm sido essenciais para que o Brasil consiga melhorar os índices educacionais e garantir um futuro melhor para todos.

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