As tentativas de costurar um acordo entre governadores e líderes partidários foram até os últimos minutos que antecederam o início da reunião da comissão especial da Câmara, mas a nova versão da reforma da Previdência deixou mesmo de fora os Estados e municípios. A leitura do documento aconteceu na tarde desta terça-feira (2) pelo deputado tucano Samuel Moreira, de São Paulo.

Líderes que representam a maioria da Câmara não querem aprovar medidas que ajudariam no ajuste de contas públicas de governadores e prefeitos que fazem campanha contra a reforma. Eles exigem que deputados da oposição também votem a favor da proposta de endurecimento das regras de aposentadorias para trabalhadores da iniciativa privada e servidores públicos.

A reunião da comissão começou no início da tarde e se estendeu até a noite, dividindo as atenções do público com a audiência do ministro da Justiça, Sergio Moro, também na Câmara, prestando esclarecimentos sobre as supostas mensagens que teriam sido trocadas entre ele e o procurador da República, Deltan Dallagnol.

Difícil dizer qual das reuniões na Câmara chamou mais atenção dos brasileiros. Enquanto Moro voltava a falar que não foi parcial e nem infringiu nenhuma lei em sua atuação como juiz na primeira instância na Lava Jato, Moreira detalhava a nova versão da reforma da Previdência. O relator recuou na ideia de destinar recursos do PIS/Pasep, que hoje são usados pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), para reduzir o rombo da Previdência Social.

A medida, que estava prevista na primeira versão do relatório de Moreira, apresentado em 13 de junho, gerou críticas na equipe econômica e no Congresso. Mas mesmo sem esses recursos, o novo parecer se aproxima da meta do ministro da Economia, Paulo Guedes, de uma economia superior a R$ 1 trilhão em dez anos. Os detalhes das mudanças propostas pelo relator estão na Folha Economia desta quarta-feira (3).

O relatório tem que ser aprovado pela comissão rapidamente para que a matéria consiga ser votada em plenário ainda este mês. A reforma precisa ser aprovada porque o rombo da Previdência chegou a R$ 194 bilhões no ano passado. O país está envelhecendo e as regras devem mudar para reverter o prejuízo e consertar desigualdades que criam privilégios para algumas categorias.

Quanto aos Estados e municípios, ainda dá tempo de inclui-los quando a matéria chegar no plenário. Mas governadores precisam se unir para conseguir mobilizar deputados em favor da reforma.

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