Uma eleição tão disputada como foi a do presidente da Câmara não poderia terminar sem polêmicas. Logo após ser eleito, o deputado Arthur Lira (PP-AL) anulou na noite de segunda-feira (1º) a votação para os demais cargos da Mesa Diretora e determinou a realização de uma nova eleição para a escolha de seus integrantes. A escolha havia sido conduzida pelo então presidente da Casa, Rodrigo Maia, do DEM do Rio de Janeiro.

A definição dos nomes a vice-presidentes, secretários e suplentes é feita com base em critérios de proporcionalidade entre os blocos partidários formados para a eleição da Câmara. É um cálculo feito pela Secretaria-Geral da Câmara. Os maiores blocos ganham prioridade de escolha, no caso os blocos de Lira e do seu principal opositor, Baleia Rossi, do MDB de São Paulo. Seguindo essa conta, o bloco de Lira ficaria com cinco cargos na mesa diretora, enquanto o de Rossi teria quatro.

Os aliados de Lira argumentaram que o PT, partido do bloco de Rossi, havia efetuado a inscrição fora do prazo e por isso a decisão de anular a eleição para a mesa diretora da Câmara. Os partidos que apoiaram Rossi decidiram mover uma ação contra a decisão no STF (Supremo Tribunal Federal).

A escolha dos componentes para a direção da Câmara ficou para esta quarta-feira (3) com Lira tentando costurar um acordo com a oposição. Esta foi, certamente, a primeira lição que Lira aprendeu no comando da Casa: a construção da governabilidade não pode ser via canetada, mas por diálogo.

Não é de bom tom começar uma gestão buscando mais o conflito do que a união. A decisão de Lira de suspender o ato de seu antecessor foi interpretada como excesso de autoritarismo e nos bastidores já se falava em travar a pauta. Os mais de 200 deputados que não votaram no líder do Partido Progressista são em número suficiente para dificultar a sua presidência - represália que não é bom para ninguém.

Candidato apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro, Lira precisa zelar, agora, pela harmonia entre os partidos e também pela independência do Congresso. Na velha ou na nova política, há de prevalecer o diálogo.

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