Este título não é meu. É da extraordinária historiadora e escritora Barbara W. Tuchman, duas vezes laureada com o prêmio Pulitzer (EUA), conferido aos trabalhos de excelência na área do jornalismo, literatura e composição musical, um dos mais importantes ou o maior prêmio americano nessas áreas. É autora do livro homônimo ao título, que narra com realismo impressionante a insensatez das guerras desde Troia ao Vietnã, que eu humildemente estendo até a Faixa de Gaza.

Tenho refletido nos últimos dois meses sobre a insensatez contínua, exacerbada e covarde do primeiro-ministro israelense Benjamim Netanyahu, que se utiliza das Forças de Defesa de Israel para se manter no poder, e com elas assassina crianças, mulheres jovens e idosas, e homens idosos, destruindo hospitais, escolas, residências, sistema de fornecimento de água, escoamento e tratamento de esgoto e energia elétrica, culminando com o estúpido e covarde assassinato ocorrido no dia 2 de abril passado, de sete membros voluntários da ONG World Central Kitchen.

Já escrevi neste mesmo espaço, em outro artigo, há 4 meses, que repudio contundentemente o ataque realizado pelo grupo Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, como repudio veementemente a contraofensiva israelense que já dura 6 meses, especificamente porque Netanyahu deseja acabar com a faixa de Gaza, ocupá-la em definitivo e incorporá-la ao Estado de Israel, como já o fez com outros territórios próximos.

Entretanto, o que me deixou extremamente indignado nesta semana foi a insensata declaração de Benjamim Netanyahu à imprensa sobre a resolução aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU para o cessar-fogo em Gaza, onde afirmou que o problema de Israel e do mundo é o islamismo! ‒ que corrompeu grande parte da população do planeta.

Além de estarrecido, fiquei analisando: Netanyahu é um corrupto que está sendo processado desde 2011 pela alta Corte de Justiça de Israel, um sanguinário típico, resultado de um modelo avassalador que assassinou centenas de milhares de judeus na Segunda Guerra Mundial.

O que está ocorrendo em Gaza é a protagonização da insensatez no seu estado mais deplorável, e pior, aos olhos do mundo. Segundo as entidades de ajuda humanitária, são mais de 35.000 mortos em 6 meses, repito, mulheres, crianças e idosos. Quase seis mil mortes por mês, daí porque o presidente Lula e outros 68 chefes de Estado ou de governo condenaram Netanyahu de forma contundente, visto se tratar de um verdadeiro extermínio, como Hitler realizou com os judeus. A marcha da insensatez, portanto, passados milênios, continua em curso!

Algo que sempre me intrigou é que o Alcorão define Maomé como o último profeta enviado por Deus, e menciona claramente Jesus como o anterior, não o primeiro e único, e define os sete anteriores, incluindo Jesus, enquanto para os cristãos são 16, e os judeus afirmam serem 48. O Alcorão jamais atacou ou descredenciou a Bíblia cristã, ou Jesus, ao contrário, visto que os profetas que ele menciona estão todos na Bíblia.

O ocidente titula como sendo criação islâmica a guerra santa, a jihad, termo que na sua etimologia significa luta (empenho) e esforço para disseminar a fé. A jihad, no Alcorão, nunca significou guerra santa. Nele, é definida como a luta do indivíduo para melhorar a si e o mundo à sua volta, que devem se empenhar para expandir a fé islâmica, assim como o fizeram os apóstolos de Cristo, Pedro, Paulo, Filipe, Tomé e outros após sua morte, indo em direção à Grécia, Turquia, Itália e Oriente.

O problema é que grupos extremistas, terroristas, com líderes perversos deturpam, dissociam e se desconectaram da etimologia correta da palavra; são grupos odiosos que nunca representaram a religião islâmica, daí porque Netanyahu, o insensato, se utilizando da mídia mundial controlada por judeus proferiu um discurso indutor ao mundo para que odiassem o islamismo.

Os grupos terroristas, dentre eles a Al-Qaeda, a Jihad Islâmica, o Hamas e outros usam a palavra “islâmico” de forma fraudulenta, pejorativa, e suas ações nunca representaram os princípios e o ideal islâmico, e o mais interessante: a Jihad que Netanyahu se referiu, incrivelmente, foi protagonizada pelos cristãos católicos contra os muçulmanos, e não o contrário, e seus idealizadores foram os aristocratas europeus, reis, bispos, cardeais e o papa, e o objetivo era matar os muçulmanos e expulsar os sobreviventes da Terra Santa.

Vejam que paradoxo: foram os cristãos católicos que iniciaram a Guerra Santa, e não os islâmicos. O que ocorre, repito, são ações pontuais de grupos terroristas que se apropriaram do termo islâmico para realizar o propósito terrorista.

Almir Rodrigues Sudan é descendente de judeus, escritor e graduado em direito, economia e jornalismo