A Arquidiocese de Londrina encaminhou aos padres uma circular sobre a questão da Greve Geral, marcada para sexta-feira, dia 14 de junho. O site da Arquidiocese, o Facebook da mesma e o Centro de Pastoral receberam mensagens de apoio, outras mensagens pedindo esclarecimentos. Segue o texto original da nota da Arquidiocese:

“Senhores párocos, administradores paroquiais e membros dos Conselhos Econômicos. Paz da parte de Deus, nosso Pai. O projeto da reforma da Previdência avança a passos largos. Os prejuízos aos trabalhadores e trabalhadoras são iminentes. Os estragos e prejuízos aos mais pobres são claros (BPC, capitalização e aposentadorias rurais são só alguns exemplos). A Igreja não é contra a reforma, mas é contra alguns pontos desta reforma que atentam contra a vida dos mais pobres. Dia 14/06, sexta-feira, haverá uma greve geral conclamada pelas centrais sindicais. A concentração será no Terminal Central Urbano, às 9 horas. Caberá a cada pároco, de comum acordo com o Conselho Econômico, dar a manhã livre para que os colaboradores participem ou não deste momento. A Mitra ficará fechada na sexta-feira de manhã, dia 14/06. Abriremos às 12 horas da sexta-feira.”

Em tempos de polarização e discursos extremistas, nos quais chamaram a Igreja de Londrina e mesmo o arcebispo de fascistas, quero partilhar alguns pontos para reflexão.

Em primeiro lugar, não foi a Igreja que organizou essa greve geral, como afirmaram algumas pessoas pelas redes sociais. A Igreja não está na organização desta grave. Por outro lado, temos colaboradores que trabalham conosco. O intuito foi deixar os padres livres para dispensar seus colaboradores ou não para o evento. Cada padre será livre, na “gloriosa liberdade dos filhos de Deus” (Rm 8,21).

E mais, em nenhum momento da nota o arcebispo incentiva ou mesmo diz que as pessoas devem ir a esse evento. O arcebispo não obrigou nenhum padre a liberar seus colaboradores para participar do evento. Em segundo lugar, a Igreja de Londrina não é contra a reforma, mas contra alguns pontos desta reforma. É o caso do BPC (Benefício de Prestação Continuada) e da aposentadoria rural. Estes, entre outros pontos, precisam ser revistos.

A Igreja tem consciência da necessidade da reforma, mas esta reforma assola a vida dos trabalhadores e trabalhadoras. Muitos ainda hoje desejam o retorno da “Igreja à sacristia”. A Igreja sempre estará ao lado dos pobres. Esse é o papel da Igreja, à luz da sua doutrina social e na esteira daquilo que nos tem mostrado o papa Francisco.

A falta de consciência permeia nossa sociedade. Em tempos de acirramento de posturas, ninguém mais quer dialogar, somente atacar inconsequentemente. Pena. Poderíamos construir uma sociedade melhor pelo diálogo.

PADRE ALEXANDRE ALVES DOS ANJOS FILHO é presbítero de Londrina