A gripe aviária e a integridade sanitária da avicultura
As autoridades brasileiras agiram rapidamente na implementação de medidas de contenção e monitoramento
PUBLICAÇÃO
sábado, 17 de maio de 2025
As autoridades brasileiras agiram rapidamente na implementação de medidas de contenção e monitoramento
Folha de Londrina
O anúncio da confirmação do primeiro foco de gripe aviária em uma granja comercial no Brasil, localizada no município gaúcho de Montenegro, na Região Metropolitana de Porto Alegre, marca uma crise para a avicultura nacional. O Brasil, maior exportador mundial de carne de frango, com cerca de 35% do mercado global e US$ 10 bilhões em exportações em 2024, terá que enfrentar agora o desafio de conter os impactos sanitários e econômicos dessa ocorrência bastante preocupante.
As autoridades brasileiras agiram rapidamente notificando a Organização Mundial de Saúde Animal e os parceiros comerciais. Também foram ágeis na implementação de medidas de contenção e monitoramento.
Mas a reação internacional também foi rápida e a China, principal importadora de aves do Brasil, suspendeu as compras por 60 dias, afetando aproximadamente 14% das exportações nacionais.
Os primeiros casos de influenza aviária de alta patogenicidade (Iaap) foram identificados entre aves silvestres brasileiras, fora de granjas, em maio de 2023 em pelo menos sete estados. No mês seguinte, o Japão chegou a suspender a compra de aves provenientes do Espírito Santo.
Este, porém, é o primeiro caso a atingir uma granja comercial. Sempre que uma ave é infectada, todo o plantel da granja é sacrificado para conter a disseminação do vírus. Após o abate, pode levar até um ano para se criar novas aves até a idade reprodutiva.
Nos EUA, por exemplo, um longo surto de gripe aviária vem dizimando galinhas poedeiras desde 2022, o que elevou os preços dos ovos no varejo a máximas históricas. A doença já matou mais de 169 milhões de aves desde o início de 2022 no país.
É importante reforçar que a Influenza Aviária não é transmitida pelo consumo de carne de aves ou ovos, sendo segura a ingestão desses alimentos provenientes de estabelecimentos inspecionados.
O Paraná, maior estado produtor de frangos do País, com mais de 2 bilhões de aves abatidas em 2024 e 34% de participação nacional, também colocou protocolos rígidos de controle e reforçou suas medidas de biossegurança, com destaque para a atuação conjunta entre o setor público e privado, visando manter a sanidade do plantel avícola.
Já há vários meses, a Adapar (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná) vem intensificando a vigilância, especialmente em áreas de risco como o Litoral, rota de aves migratórias que podem ser vetores do vírus.
A crise desencadeada com a confirmação dos casos de gripe aviária no Rio Grande do Sul reforça a importância de políticas públicas eficazes e da colaboração entre poder público e setor produtivo para preservar a integridade sanitária da avicultura brasileira. Dessas ações, além da transparência e da agilidade, depende muito a credibilidade do setor e a manutenção da confiança dos parceiros internacionais.
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