Não é de hoje que o tema "felicidade" vem despertando a atenção de governos pelo mundo, tanto que a ONU (Organização das Nações Unidas) criou há alguns anos um novo indicador, o FIB (Felicidade Interna Bruta), justamente como uma forma de complementar as medidas já tradicionais, como o PIB (Produto Interno Bruto), para medir o desenvolvimento de uma nação.

São vários quesitos que compõem o FIB, entre eles o bem-estar dos cidadãos, cuidados que as pessoas têm com seus familiares, o equilíbrio entre trabalho e lazer, o esgotamento dos recursos da natureza, entre outros.

Em alguns países desenvolvidos, como Japão, Coreia do Sul, Inglaterra e França, a felicidade do povo é um dos indicadores de que as políticas públicas de seus governantes estão no caminho certo.

Em 2009, o então presidente da França, Nicolas Sarkozy, acrescentou felicidade às contas do PIB e instou outros chefes de estado a adotarem o indicador, convidando-os a reformularem o sistema de contabilidade.

Em tempos de pandemia do coronavírus Sars-CoV-2 é de se esperar que o indicador "felicidade" não esteja ajudando a elevar as taxas que medem desempenho e bem-estar de uma sociedade. Principalmente entre os cidadãos que moram em um país que não soube administrar com eficiência a crise da Covid-19, como é o caso do Brasil.

Um levantamento realizado pelo economista Daniel Duque, do Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas), mostrou que o Brasil aparece na segunda pior posição do ranking de infelicidade, atrás apenas da Turquia, com 26,28% (quanto mais alto, pior). Nesse caso, o "índice de infelicidade" soma as taxas de inflação e de desemprego.

A pesquisa foi realizada no primeiro trimestre deste ano e 2021 atingiu o pior patamar em cinco anos. O índice brasileiro atingiu 19,83%, mesmo nível desde o terceiro trimestre de 2016, quando o Brasil enfrentava uma recessão.

Além do Brasil, o ranking de infelicidade inclui os membros da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Entre os 38 listados, as melhores posições ficaram com Japão (2,44%), Suíça (4,41%) e Eslovênia (4,77%).

A imagem do brasileiro despreocupado, de bem com a vida e receptivo, que muitos tinham orgulho de demonstrar, está ficando para trás e a constatação não é de hoje. Há anos esses cálculos que medem bem-estar mostram que os problemas que o país atravessa em áreas políticas, econômicas e sociais puxam o humor e a alegria do indivíduo para baixo.

Quando a pandemia chegar ao fim, quem sabe ...

A FOLHA deseja bem-estar e alegrias para os seus leitores!