Em um país em que o preço médio das passagens aéreas em viagens nacionais foi de R$ 592,95 no primeiro semestre, as empresas que oferecem ofertas atraentes no valor dos bilhetes acabam encontrando um consumidor muito interessado e um amplo campo de atuação.

O preço médio das passagens, de R$ 592,95, foi levantado pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e é o maior desde o primeiro trimestre de 2010, quando a média foi de R$ 629,16, já corrigida pela inflação.

A 1,2,3 milhas, que se nomeia o quarto maior site de viagens do Brasil, é uma das empresas que vinha "surfando" muito bem na venda de promoções de passagens, até a semana passada, quando anunciou que suspendeu pacotes e passagens aéreas da sua linha "Promo" que já tinham sido comprados para viagens entre setembro e dezembro de 2023.

A companhia disse que irá devolver os valores pagos pelos clientes por meio de vouchers a serem trocados por passagens, hotéis e pacotes. Segundo a empresa, a suspensão se deu após "persistência de circunstâncias de mercado adversas".

A notícia caiu como uma bomba no mercado de venda de passagens promocionais e levou ao desespero quem estava de malas prontas e com hotel e outras despesas já pagas. Situação que extrapola a oferta da empresa de devolver o valor gasto do cliente por meio de vouchers ou até em dinheiro, corrigido juros, como indicam especialistas em direito do consumidor.

A suspensão dos pacotes levou o Ministério do Turismo a pedir à Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor), do Ministério da Justiça, que investigue a companhia. Os Procons de todo o país estão se movimentando, incluindo o do Paraná.

Esse movimento dos órgãos de defesa dos consumidores é importante justamente para alertar os consumidores sobre a restituição das chamadas "perdas e danos", que é o gasto com aquisição de hospedagens, passeios, locação de veículos e outras despesas realizadas por acreditar que a passagem seria emitida no tempo devido.

Mais um baque para o brasileiro que um dia sonhou viajar e acabou nocauteado pela justificativa indecifrável das "circunstâncias de mercado adversas". Mais um dissabor para quem um dia acreditou que ao reduzir o tamanho da mala de viagem pagaria mais barato pelas passagens aéreas.

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