A crise provocada pela decisão do Carrefour na França de não comprar mais carnes de países do Mercosul respingou nas prateleiras das lojas da gigante do varejo em São Paulo, depois que os frigoríficos brasileiros boicotaram as lojas da rede no país.

Em São Paulo, consumidores do Carrefour relatam já sentir falta de produtos específicos nas prateleiras. O boicote dos frigoríficos brasileiros começou na última quarta-feira (20). Até o momento, 23 frigoríficos brasileiros aderiram à suspensão do fornecimento, incluindo gigantes como JBS, Marfrig e Masterboi. Especialistas indicam que o desabastecimento já afeta mais de 150 lojas do Carrefour no Brasil.

Em nota, o Carrefour Brasil lamentou a situação e reafirmou sua relação com o agronegócio nacional. "Infelizmente, a decisão pela suspensão do fornecimento de carne impacta nossos clientes, especialmente aqueles que confiam em nós para abastecer suas casas com produtos de qualidade e responsabilidade", afirmou a empresa. A rede também diz que já está atuando para reduzir os impactos do boicote.

Na França, a rede deixou de comprar a carne do Mercosul, bloco econômico formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, atendendo a uma demanda do setor agropecuário daquele país. Antes disso, a empresa havia questionado a qualidade do produto exportado pelo Mercosul.

Para o setor do agro brasileiro, trata-se de uma "abordagem protecionista que contradiz o papel de uma empresa global com operações em mercados diversos e interdependentes". O boicote dos frigoríficos encontrou apoio no Ministério da Agricultura, por meio de declarações do titular da pasta, Carlos Fávaro, e do presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, o deputado federal Pedro Lupion (PP-PR).

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), sugeriu que o Congresso irá pautar medidas de “reciprocidade econômica” contra a França. Por enquanto, parece que o Carrefour Brasil foi o que mais perdeu na disputa, pois viu suas ações na Bolsa de Valores de São Paulo começarem a semana em queda e seus clientes buscando carne em lojas concorrentes.

Mas no final das contas, esse tipo de disputa é ruim para todos os países envolvidos, seja diplomaticamente ou comercialmente. O ideal é que as diferenças sejam esclarecidas e que principalmente o produto nacional e o consumidor sejam respeitados.

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