A crise econômica gerada pela pandemia do novo coronavírus não precisava ser agravada pela tensão política. O Brasil está optando pelo caminho mais difícil quando deixa que os conflitos entre o Executivo e o Legislativo azedem soluções que precisam ser tomadas com urgência.

O projeto que tramita no Congresso definindo o molde para o socorro emergencial a estados e municípios é apenas mais um exemplo. É essencial que esse auxílio seja partilhado da maneira mais justa. O problema é justamente encontrar a equação que fará o rateio "mais justo" da verba de R$ 60 bilhões que sairá do caixa do governo federal e pago aos estados em quatro parcelas.

O texto base do projeto de socorro aos Estados foi debatido e aprovado ontem na Câmara em meio à repercussão da divulgação do conteúdo do depoimento do ex-ministro Sergio Moro à Polícia Federal, no último sábado (2), em Curitiba. As 10 páginas do documento trazem revelações que apimentam ainda mais a relação entre o ex-juiz da Lava Jato e o presidente Jair Bolsonaro. A turbulência tumultua ainda mais a travessia por essa pandemia.

Extremo incômodo ao presidente da República a afirmação de que ele estaria fazendo pressão, desde agosto do ano passado, para que Moro trocasse os cargos principais da Polícia Federal, incluindo o então diretor-geral Maurício Valeixo e o superintendente da PF no Rio de Janeiro.

Muita tensão para uma fase tão conturbada na saúde pública e na economia. Longe das rampas do Palácio do Planalto, Congresso e STF, a sociedade civil dá o sangue para salvar a economia do País. Empresário que estão ainda de portas fechadas e quem abriu seu estabelecimento de forma parcial apertam o cinto para pagar as contas e se manter em pé. O mesmo acontece com o trabalhador do setor privado, que entra nessa fatia de esforço com redução de salário e jornada.

No poder público, não dá para dizer que a "recíproca é verdadeira". Não há consenso sobre uma forma da redução de salários entre políticos e funcionalismo público. No Paraná, há exemplos como o da Assembleia Legislativa e do governo estadual reduzindo os salário enquanto a pandemia ainda persiste.

Em Londrina, a Câmara começa a discutir a proposta de que 30% do subsídio mensal de cada vereador seja doado para o HU (Hospital Universitário) da UEL (Universidade Estadual de Londrina) até o fim deste ano.

Há muito, o cidadão brasileiro reclama do dinheiro que sai do seu bolso para pagar o salário dos políticos e servidores públicos dos altos escalões. O salário é alto, enriquecido por verbas adicionais e vários tipos de auxílios extras. É natural, agora, que a sociedade cobre pela contrapartida.

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