Sob os efeitos dramáticos desses 12 meses de pandemia do coronavírus, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou na última semana o resultado do PIB (Produto Interno Bruto) de 2020. A queda foi de 4,1% e apesar do resultado negativo, o desempenho do país ficou melhor do que se esperava. A expectativa do Ministério da Economia para o período era de 4,5%, enquanto o Banco Central estimava uma queda de 4,4% para o ano.

Outros países bastante castigados pela Covid-19, como Reino Unido e Espanha, incluindo uma segunda onda agressiva no final do ano passado, também tiveram a economia abalada. Mas a diferença deles com o Brasil é que os europeus já estão começando a controlar a pandemia com a vacinação e deverão deixar as medidas restritivas antes que o Brasil com caminho livre para a retomada econômica.

Quanto ao desempenho brasileiro um pouco melhor do que o esperado, os especialistas creditam aos bons resultados do agronegócio e também ao auxílio emergencial.

A contração de 4,1% na economia brasileira representa o maior recuo da série histórica com a metodologia atual, que começa em 1996, superando a retração de 3,5% registrada em 2015. Nas séries anteriores, elaboradas pelo IBGE e pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) desde 1901, a maior queda havia sido em 1990 (-4,35%).

A pesquisa do IBGE mostrou que o setor mais afetado pela crise foram os serviços, que respondem por cerca de dois terços do PIB, principalmente aqueles que dependem do movimento de pessoas, como os segmentos de alimentação, eventos e turismo.

A melhoria do cenário econômico em 2021 depende bastante da recuperação da confiança dos investidores estrangeiros no Brasil. Os efeitos da pandemia nas finanças dos governos e das famílias foram devastadores. Mas a agenda do ministro da Economia, Paulo Guedes, pouco avançou, principalmente quanto ao controle dos gastos públicos.

O país agiu certo quando abriu os cofres para conceder incentivos à economia e socorrer empresas e famílias em dificuldades diante da calamidade provocada pelo Sars-CoV-2. O socorro é uma das prioridades, mas o governo precisa controlar os gastos para que a dívida pública não se torne mais preocupante do que já está.

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