A Covid-19 e a roleta russa
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sábado, 06 de março de 2021
Folha de Londrina
Londrina enterrou na última semana a sua mais jovem vítima da Covid-19. Alan Souza Silva, de 20 anos, não tinha comorbidades, morava na zona sul da cidade, e morreu no Honpar (Hospital do Norte do Paraná), em Arapongas, pois não havia leito disponível em Londrina.
Como a FOLHA mostra nesta edição, Alan Silva tinha muitos sonhos que a Covid-19 interrompeu. Ele adorava o campo e o amor pela área rural era tão grande que o moço tinha planos de, no futuro, ter um sítio ou uma fazenda. Neste ano, ele se preparava para ingressar em um curso técnico de auxiliar de veterinária.
Alan Silva trabalhava como entregador em uma empresa da área de alimentação. À família, ele confessou que tinha medo de contrair o novo coronavírus.
A morte causou grande repercussão e comoção nas redes sociais, tanto pela pouca idade, quanto pelas homenagens dos colegas. A família de Alan Silva fez um apelo comovente à sociedade dizendo que as pessoas precisam se cuidar “por elas, pelas famílias”.
Mesmo ainda raras, as mortes pela Covid-19 em jovens sem comorbidade preocupam especialistas da área de saúde. A doença é nova e os cientistas estão tentando entendê-la, mas a nova cepa que surgiu no Amazonas está sendo apontada como uma possível causadora do aumento de pessoas contaminadas e a gravidade do quadro em jovens. Cientistas também estudam uma predisposição genética que favoreceria a evolução para o quadro mais grave da doença.
No início da pandemia, a indicação era que a Covid atingiria principalmente pessoas mais velhas com comorbidades ou jovens e adultos com comorbidade. O cenário, hoje, em Londrina e em muitos estados brasileiros mostra que ainda não sabemos muito sobre a doença e sobre as mutações que o vírus sofreu.
Parece uma roleta russa. Ao sair de casa, qualquer pessoa está sujeita a se infectar pelo coronavírus. A única saída, no momento, é a vacina e, enquanto ela não vem, devemos seguir as recomendações de higiene, proteção e distanciamento social.
Quanto mais circulação de pessoas, maior também a circulação do vírus e o risco desses organismos sofrerem mutação. O governador do Paraná, Ratinho Junior, prorrogou até quarta-feira (10) o decreto com medidas de restrições mais severas. São grandes as dificuldades econômicas que o lockdown impõe. Tudo poderia ser evitado se os brasileiros tivessem se resguardado melhor. É preciso ter consciência de que o controle do coronavírus depende muito das atitudes individuais.
A FOLHA deseja saúde a seus leitores!

