Muito já se falou sobre as atividades das ONGs - Organizações Não Governamentais - no Brasil. Elas atuam em muitos segmentos e agora, durante a pandemia, tem sido grande a atuação dessas organizações e também dos movimentos sociais e religiosos que muitas vezes chegam onde os governos e o Estado não se encontram.

No último fim de semana, reportagens da FOLHA sobre as necessidades urgentes das populações periféricas de Londrina trouxeram à tona o papel de lideranças locais, ligadas ou não a movimentos específicos, que acodem a população quando o auxílio emergencial está naquele intervalo que não leva em conta o acolhimento a quem não tem comida no prato, num momento sem perspectivas de trabalho para muitos.

Na Vila Feliz, comunidade da zona sul de Londrina, Taiane Martins de Oliveira, do MAP - Movimento Autônomo Popular - criado para fazer moradias para quem não tem - faz o que pode para que as 64 famílias do local tenham alimentação em tempos de pandemia. Qualquer pessoa com sensibilidade para as carências do próximo fica tocada pela distribuição de alimentos feita por Taiane, que chega a repartir um pacote de arroz em três partes para que mais famílias possam comer quando chegam as doações. Da mesma forma, os alimentos e outros itens chegam até as famílias do Morro do Macaco, na zona norte de Londrina, através de uma organização religiosa, o CJV - Centro Juvenil Vocacional.

Os dois exemplos apenas demonstram qual o papel dessas organizações em momentos extremamente graves, quando as ajudas devem ser canalizadas através de ações objetivas para que a população vulnerável tenha alguma assistência, já que se trata de um contingente social que não pode ficar em casa - necessita de trabalho - mas não tem onde buscar a sobrevivência porque perdeu até as pequenas oportunidades que tinha antes da pandemia.

Hoje, existem cerca de 300 mil associações da sociedade civil no Brasil, movimentando recursos que vêm de doações de pessoas, empresas e governos. Por suas características, essas organizações são essenciais neste momento de crise porque têm know-how, legitimidade e capilaridade para chegar a muitos lugares, incluindo aqueles onde estão as populações invisíveis, como as comunidades de baixa renda.

Sob o aspecto da saúde, no atual contexto, existem milhares de Santas Casas e hospitais filantrópicos no Brasil que atendem as demandas do SUS e estão na linha de frente de tratamentos aos afetados pela Covid-19. Da mesma forma, atua a ONG Ação Cidadania, fundada pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, para combater a fome, como também tem uma dimensão flagrante o trabalho do padre Julio Lancelotti, de São Paulo, que trabalha com pessoas em situação de rua. Se procuramos por esses exemplos em nossa cidade também vamos encontrá-los em muitos movimentos.

Associações, ONGs, movimentos autônomos e pessoas de boa vontade têm feito enorme diferença, levando-se em conta a situação dos brasileiros mais pobres que se já tinham pouco, agora têm menos ainda. A solidariedade é a única força capaz de recolocar nos trilhos a situação de uma população abatida por uma pandemia que já acumulou quase 400 mil mortos. Com tantas perdas de vidas e condições de sobrevivência, só um grande mutirão nacional pode reconduzir o País a um novo horizonte.

A FOLHA deseja esperança aos seus leitores!