Em altitude superior a 900 metros, num panorama verde que alcança o rio Tibagi,
de onde se vê Londrina e Tamarana no horizonte, a ''Cidade Terra Nova'' foi
anunciada à semelhança da colonização do Norte Novo, em 1956: sob o signo do
café, o patrimônio rodeado de pequenas propriedades agrícolas na ''gleba II da
Fazenda Inhô-ó''. Distrito administrativo em 1967, assombrou São Jerônimo da
Serra, a sede municipal, e se não houvesse a geada de 1975, teria se emancipado.
Depois de ser a causa do esvaziamento populacional na década de 80, o café em
sua ascensão atual, pela valorização e estabilidade de preços, se recompõe na
economia de Terra Nova, onde persiste a intenção de se criar o município. Há,
também, a expectativa pela construção de uma hidrelétrica da Copel no rio Tibagi,
que está programada, diz o presidente da Câmara Municipal, Dirceu Scerbo.
''Vai alavancar tudo, teremos rodovia asfaltada, royalties'', entusiasma-se. A
infraestrutura prevista inclui a rodovia São Jerônimo-Terra Nova-Tamarana, daí a
integração com Londrina. Isso motivou a influência política que evitou, na década de
90, a apreciação na Assembleia Legislativa do projeto de emancipação de Terra
Nova, que passaria a ser o município limítrofe.
A insatisfação com o poder público faz moradores serem comedidos na avaliação do
distrito: ''Devagar, mas vai indo'', parece ser a resposta padrão ao visitante que vê
no comércio um indicativo animador, com duas lojas de materiais de construção. E a
Câmara ia aprovar a doação de terreno para 60 casas da Cohapar, permitindo aos
contemplados prestações mensais de no máximo R$ 50 por mês, informou Dirceu
Scerbo.
Pelo que Terra Nova representa economicamente e lhe falta em infraestrutura, os
críticos nunca deixaram de cogitar o município. ''Temos até 2º grau (escolar), posto
de saúde bem arrumadinho, só não temos hospital. Era para ter mais investimento,
eu acho'', analisa Sebastião Vitor da Silva, 74 anos de idade e há 38 no distrito,
sempre produzindo café. ''Aqui é o fundo do coador'', ele resume, numa metáfora
combinando a importância do café e a situação do lugar num dos extremos do
município atingido por uma só estrada.
''Sofremos muito com a Prefeitura; investimento aqui, quando há, quase sempre é
do Estado'', afirma José Roberto Magro. ''Neste momento, estão faltando 30
toneladas de adubo faz 15 dias, porque não tem freteiro que se interesse em vir
aqui'', disse (19 de outubro), referindo-se à estrada.
Nos 20 quilômetros, sinuosos e de aclives e declives fortes, há trechos tão
empedrados, ou pelo serviço da Prefeitura ou pelo afloramento natural, que
impedem o tráfego de automotores a mais de 20, 30 quilômetros por hora. Se
aumentar a velocidade, quebram e caminhoneiros que passaram uma vez não
querem voltar, segundo Magro, que se dedica ao comércio e à agropecuária.
''Regredimos. Tínhamos dois horários diários de ônibus da Ouro Branco, que desistiu
da linha, e já não temos o cartório.''
''Com o município, poderíamos trazer um banco e uma agência do Correio'', diz
José Roberto, que tinha 12 anos de idade quando a família mudou-se de Londrina
para Terra Nova, em 1963.


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Terra Nova tem café forte e o sonho da emancipação
Terra Nova tem café forte e o sonho da emancipação Terra Nova tem café forte e o sonho da emancipação Terra Nova tem café forte e o sonho da emancipação Terra Nova tem café forte e o sonho da emancipação Terra Nova tem café forte e o sonho da emancipação Terra Nova tem café forte e o sonho da emancipação Terra Nova tem café forte e o sonho da emancipação Terra Nova tem café forte e o sonho da emancipação Terra Nova tem café forte e o sonho da emancipação Terra Nova tem café forte e o sonho da emancipação Terra Nova tem café forte e o sonho da emancipação