Nova Santa Bárbara, a caçula do NP
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quarta-feira, 04 de janeiro de 2012
Widson Schwartz <br> Especial para a FOLHA
Na Água do Sabiá, em 1946, parecia não haver futuro sequer para a única venda de beira de estrada por ali, do polonês José Kuniski, determinado a ir morar em Sapecado, então surgindo no Vale do rio Ivaí, origem de Ivaiporã. Mudar-se-ia de uma faixa do Norte Velho, entre Jataí e São Jerônimo, comunidades fundadas em 1851 e 1854, para uma extensão do exuberante Norte Novo, estendendo-se da margem esquerda do Tibagi, onde cidades ''brotavam da noite para o dia''.
Era sair do letárgico século 19 e entrar no trepidante século 20.
Visão diferente a de Emídio Couto de Camargo, que imaginou uma cidade na área de 50 alqueires abrangendo a venda de Kuniski, considerando dois aspectos: o terreno naturalmente aplanado e a situação, às margens da Estrada do Cerne. ''A maior rodovia que se construiu no Paraná em todos os tempos'', proclamara o interventor Manoel Ribas, em 1942, no relatório ao presidente da República, Getúlio Vargas.
Dono da área, Emídio logo agiu, solicitando ao agrimensor Edson Gonçalves Palhano, um dos célebres irmãos Palhano, o projeto da cidade, então denominada Santa Bárbara, atualmente Nova Santa Bárbara, sede de município entrando nos 19 anos, o mais recente no Norte Pioneiro. Os edifícios públicos não-concentrados e a avenida de duas pistas no sentido leste-oeste, arborizada no canteiro central, indicam um projeto avançado em relação à sua época.
O professor e advogado Jacob Bittencourt de Moraes, em ''Histórias e Mistérios do Sertão do Tibagi'' (2005), ''cruza'' a origem do município novo com a genealogia de famílias que chegaram a Jataí e São Jerônimo entre 1870 e 1880. Descendentes permanecem na região e, muito particularmente, na continuidade de Nova Santa Bárbara, cidade moderna no lugar outrora passagem de ''safristas'' de porcos.
''Temos 30% em horário integral e vamos atingir, agora, 100%'', informa o vice-prefeito, Josias Piza de Moraes, sobre o Ensino Fundamental a cargo do município, totalizando 340 alunos, enquanto vai mostrando o novo prédio, que recebe acabamento final, além da estrutura externa para atividades complementares. São 11 salas de aula, cozinha, refeitório e outros setores. O Município absorve verbas federais e estaduais e participa com o terreno e uma parcela menor de dinheiro. E já existe a intenção de se acrescentar uma piscina coberta e aquecida.
A iniciativa no ensino revela a face moderna de uma cidade que mantém o hábito antigo dos apelidos e corruptelas, muito acentuado na região de São Jerônimo da Serra em comparação a outras. Josias sugere a menção de seu apelido, ''Neguinho'', porque assim ''todo mundo sabe quem é''. Descendente do coronel Francisco Mendes de Moraes (paulista de Itapetininga e entre aqueles primeiros em São Jerônimo), Josias é um exemplo da longevidade familiar na região, sendo filho de Júlio Bittencourt de Moraes, o ''Duio'', que foi vereador e vice-prefeito de Santa Cecília do Pavão representando o então distrito Santa Bárbara. Neguinho já era vereador ao integrar, em 1989, a comissão pró-emancipação.
Criado o município pela Lei 9.241, sancionada em 7 de maio de 1990, a emancipação de fato dependia de um plebiscito, envolvendo os eleitores residentes há mais de um ano. Dos 1.568 eleitores habilitados, 1.505 compareceram às urnas, em 27 de outubro de 1991, confirmando-se a emancipação por 1.336 a 112, contados 11 votos em branco e 16 nulos. Eleito o prefeito, Júlio Bittencourt, em 1992, instalou-se o município em 1.º de janeiro de 1993.
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