Bandeirantes e Cornélio ficaram com cobertura de 90,7% e 87,6%, respectivamente
Bandeirantes e Cornélio ficaram com cobertura de 90,7% e 87,6%, respectivamente | Foto: Marcos Zanutto/6-8-2018


Dos municípios que formam o Norte Pioneiro, dois não conseguiram atingir a meta de vacinação da campanha nacional contra o sarampo e a poliomelite. De acordo com a secretaria da Saúde do Paraná, na 18ª Regional de Saúde, de Cornélio Procópio, a cobertura vacinal média ficou em 96,5%. As cidades de Bandeirantes e Cornélio não atingiram a meta recomendada pelo Ministério Saúde, que é de 95%, ficando com cobertura de 90,7% e 87,6%, respectivamente. Já na 19ª Regional, de Jacarezinho, a cobertura foi de 100% em todos os municípios pertencentes à autarquia

A vacinação contra as duas doenças foi iniciada em agosto e durou aproximadamente um mês e meio. A campanha chegou a ser prorrogada em razão da baixa procura em algumas localidades do Paraná. As doses foram direcionadas para crianças a partir de 12 meses e menores de cinco anos. Em Cornélio Procópio, a meta era aplicar 2.170 doses, porém foram imunizados 1.901 meninos e meninas.

Angélica Olchaneski, secretária municipal de Saúde e vice-prefeita da cidade, afirmou que as UBSs (Unidades Básicas de Saúde) funcionaram em horário especial em dois fins de semana para atender às famílias e que foi feita uma ampla divulgação. Entretanto, ela apontou que a circulação de boatos questionando a eficácia das vacinas atrapalhou. "Mensagens em redes sociais influenciaram. Tinham pessoas compartilhando que o filho passou mal e creditou isso à vacina. Então teve uma relutância. Não foi falta de esforço nosso", defendeu.

Durante outra vacinação que pôde ser levada a centros de educação, servidores enviaram cartilhas aos pais para comparecerem a uma das 12 UBSs de Cornélio ou à Casa da Gestante com os filhos. "Alertamos os pais sobre a importância da vacinação contra o sarampo e a pólio. É muito melhor trabalhar com a prevenção. Entendo um pouco a questão do medo, mas existe a responsabilidade, pois os pais e mães têm a obrigação de vacinar os filhos para evitar que eles fiquem sujeitos a pegar as doenças, principalmente aqueles que viajam."

Em algumas faixas etárias o percentual de imunização ficou próximo ao que foi recomendado pelo Ministério da Saúde. Para as crianças de dois anos, por exemplo, a vacinação ficou em 92,48% e de quatro anos em 91,46%. "Já em outras faixas de idade ficamos a desejar, como nas crianças de um ano, que teve 80,37% de cobertura, e de três anos, com 86,11%. No caso dos recém-nascidos, podem ser pais de 'primeira viagem' que ficaram temerosos", exemplificou Angélica Olchaneski.

Imagem ilustrativa da imagem Duas cidades do NP não alcançam meta de vacinação
| Foto: Folha Arte



BANDEIRANTES

Em Bandeirantes, a meta era de vacinar 1.655 meninos e meninos, mas foram aplicadas 1.502 doses, faltando 153 crianças. Para a secretária de Saúde da cidade, Daiane Tomé, apesar de não alcançar o objetivo numérico, a campanha foi positiva. "Para Bandeirantes foi a melhor adesão da população, não sei se era por tratar de crianças, mas vimos que os pais estavam preocupados. Tivemos a secretaria de Educação como parceira e aqueles que não foram acredito que tiveram um motivo ou complicação."

Um fato que pode ter colaborado para não chegar à meta foram os locais para vacinação, que eram quatro em todo o município, enquanto que UBSs são nove. "Tivemos reunião com a equipe e notamos que muitas questões mudaram de outras campanhas para esta, como a forma de atender, tendo que colocar os dados no sistema no momento da vacina e para cada criança isso demanda de 15 a 20 minutos. Anteriormente fazíamos isso no final do dia ou da semana", indicou. A pasta fez dois dias D e as unidades atenderam por alguns dias com horário estendido.

MATRÍCULAS

Uma lei estadual, de junho de 2018, exige que os alunos de todos municípios do Paraná apresentem a carteira de vacinação atualizada no momento da matrícula, a partir do que determina o calendário de vacinação da criança e o calendário de vacinação do adolescente, disponibilizados pela Secretaria de Saúde do Estado e pelo Ministério da Saúde. A expectativa em Bandeirantes e Cornélio Procópio é que com esta legislação a meta vacinal seja superada nos próximos meses, mesmo com o fim da campanha.

"Os pais ou responsáveis terão que buscar a declaração nos postos para apresentarem nos centros de ensino. Aqueles que não fizerem isto em um primeiro momento terão prazo de 30 dias para regularizar a situação. Quem não fizer isso pode ter algumas penalidades, podendo até perder a matrícula", detalhou Daiane Tomé.

IMUNIZAÇÃO TOTAL
Algumas cidades do Norte Pioneiro superaram a meta de vacinação, como foi o caso de Ibaiti, que integra a 18ª Regional de Saúde. No município, a imunização foi 100%, com 1.617 crianças imunizadas. Em Cambará, que faz parte da mesma regional, o público-alvo previsto era 1.210 e foram aplicadas 1.308 doses.

NÚMEROS
Nos últimos anos, o Ministério da Saúde tem notado queda nos índices de cobertura de diversas vacinas. No caso específico do sarampo, a imunização é feita através da aplicação de uma dose da vacina tríplice viral aos 12 meses de vida e uma dose da vacina tetra viral aos 15 meses, considerado reforço da primeira. Para a poliomielite, as crianças que não tomaram nenhuma dose durante a vida, recebem a VIP (injetável). Os menores de cinco anos que já tiverem tomado uma ou mais doses da vacina recebem a VOP, a gotinha.

Desde o início do ano, o Ministério da Saúde já confirmou 2.425 casos de sarampo no Brasil, até o dia 22 de outubro, sendo a maioria no Amazonas e em Roraima. A doença foi confirmada ainda no Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Pará, Sergipe, Pernambuco, São Paulo, Rondônia e Distrito Federal. Foram comprovados 12 óbitos pela doença em três unidades da federação.