Cidades do Norte Pioneiro implantam Família Acolhedora

Trata-se de uma modalidade de serviço socioassistencial destinada a crianças e adolescentes que estão sob medida de proteção | Foto: Shutterstock

Quatro cidades do Norte Pioneiro estão implantando o programa Família Acolhedora, que visa conectar famílias interessadas em acolher temporariamente crianças e adolescentes em situação de risco pessoal e social. Santo Antônio da Platina apresentou o serviço na sexta-feira (10) e informa que as atividades devem começar em janeiro. O trabalho visa dar melhores condições às crianças afastadas do convívio familiar, além de gerar economia de 40% para o município. Ribeirão do Pinhal, Jacarezinho e Wenceslau Braz também se mobilizam para aderir ao programa.

A Família Acolhedora é uma modalidade de serviço socioassistencial destinada a crianças e adolescentes que estão sob medida de proteção. Os cadastrados assumem os cuidados temporários até que se tenham condições do retorno dessas crianças às famílias de origem, familiares ou até que sejam encaminhados para a adoção. "A gente conheceu o programa no congresso internacional em Cascavel (Oeste), que é referência no assunto. As crianças participam da família, assim, a chance de se adaptarem depois na adoção ou na volta para sua residência é muito maior, porque enquanto elas estão sendo cuidadas, a família original também é atendida pelo município. É uma possibilidade de elas sofrerem menos e terem uma vida um pouco mais parecida com o que deveriam ter", afirma a vereadora, de Santo Antônio da Platina, Mirian Montanheiro (PTN), que apoiou o projeto.

NÃO É ADOÇÃO
As famílias interessadas devem obedecer aos pré-requisitos (leia mais nesta edição) e passam por avaliação e acompanhamento psicossocial durante todo o tempo do acolhimento. "Não tem nada a ver com adoção, inclusive, elas devem declarar que não possuem interesse em adotar, pois elas precisam apoiar a reintegração da criança na família de origem", explica Mariane Utida Audi, assistente social e coordenadora de serviços de acolhimento de Santo Antônio da Platina.

Audi afirma que o tempo de acolhimento na casa das famílias não é estabelecido. "De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, o prazo máximo de acolhimento é de 18 meses, mas a gente sabe que na prática não é o que acontece, pois há crianças que estão há nove anos acolhidas. Portanto, a família deve estar preparada, porque a criança pode ficar por muito tempo, como pode ficar por um curto período", afirma. Segundo a cartilha estadual, "o acolhimento deve ser utilizado como último recurso, durar o menor tempo possível" e "é preciso considerar, sempre, os princípios da excepcionalidade e da brevidade".

INCENTIVO
O programa é realizado no Estado desde 2006, mas atualmente há um maior incentivo para sua implantação. De acordo com a Secretaria da Família e Desenvolvimento Social do Paraná, o Estado saiu de 17 para 39 serviços só no último ano - o levantamento é de junho de 2017. Em Santo Antônio da Platina, a capacitação das equipes e das famílias está prevista para outubro e o início das atividades para janeiro. "Como a família acolhedora recebe bolsa-auxílio de um salário mínimo, estamos nos organizando para começar no próximo ano. A previsão orçamentária é de R$ 200 mil, sendo R$ 50 mil de recurso estadual. O serviço tem menor custo do que o acolhimento na instituição", afirma a assistente social. A estimativa é de que o programa gere uma economia aproximada de 40% para o município.

Audi afirma que são necessárias 10 famílias aptas e capacitadas para atender a demanda atual da cidade. Segundo a assistente social, a interação entre a comunidade só tem a acrescentar no desenvolvimento dos acolhidos. "Ao contrário do que as pessoas pensam, é importante que se crie esse vínculo, porque isso a gente consegue elaborar e trabalhar depois. Uma criança dentro da instituição tem prejuízos irreparáveis, a gente percebe o quanto é triste e essas crianças não cometeram nenhum crime", sensibiliza-se.