Somente em janeiro deste ano foram realizados 170 partos no Hospital Regional do Norte Pioneiro
Somente em janeiro deste ano foram realizados 170 partos no Hospital Regional do Norte Pioneiro | Foto: Luiz Guilherme Bannwart/Divulgação



Referência em obstetrícia, ginecologia, urologia, ortopedia e UTI neonatal para 22 municípios, o Hospital Regional do Norte Pioneiro registrou 12.954 atendimentos e internações em 2017. Segundo a direção do hospital foram realizados 152 partos por mês, em média, demanda que tem aumentado significativamente a cada ano e deve atingir 100% da totalidade de ocupação da unidade com a inauguração da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) adulta prevista para este ano.

Os números por si só justificariam a importância e a necessidade da instalação de uma Casa de Apoio a pacientes e familiares que os acompanham durante o período em que estão sob atenção médica, solidariedade prestada de forma voluntária pela direção e funcionários do HRNP, mas que poderia alcançar uma dimensão muito maior por meio de simples ações de cidadania.

Em uma sala modesta e com pouco espaço, a direção do HRNP disponibilizou algumas camas e cadeiras e alimentação para que as parturientes possam permanecer ao lado dos filhos prematuros até que eles estejam em condições de irem para casa. Além de amamentação que deve ocorrer a cada três horas, conforme orientação médica, a presença da mãe é essencial para a evolução clínica dos bebês.

Um exemplo é a dona de casa Vivian Fernandes da Silva, moradora de Cambará. Ela deu à luz a Maria Eloá no dia 13 de janeiro, com apenas 27 semanas de gestação. Desde então, Silva é uma das hóspedes da Sala de Apoio oferecida pelo HRNP. "Estou aqui há 27 dias, e sem previsão de voltar para casa com a minha filha. Não sei como faria se não fosse a ajuda que recebo do hospital. Tenho um cantinho para ficar junto à minha filha e recebo quatro refeições diárias. Infelizmente não teria condições de arcar com essas despesas por conta própria", disse.

Silva salienta que a instalação de uma Casa de Apoio no HRNP é essencial, e cita ações simples de quem já precisou dos serviços para inspirar iniciativas que possam tornar o projeto realidade. "A maioria das mães que passa por aqui (sala de apoio) não tem condição de custear as despesas, assim como pacientes atendidos por problemas relacionados a outras especialidades que precisam do serviço, e que por falta de recurso financeiro acabam dormindo dentro de veículos e até mesmo em bancos do hospital. Há registro de pessoas que permaneceram aqui durante meses, e que ao receberem alta médica deixaram televisão entre outros utensílios domésticos para colaborarem com os que precisam. Através de ações simples como estas, em que cada um doa um pouquinho, é possível construir uma estrutura melhor praticamente com custo zero", sugere a paciente.

A diarista Simone Cristina Correa, de Carlópolis, acompanha a filha adolescente Tamires Cristina Rodrigues de Oliveira, que ganhou bebê há uma semana. Elas também estão hospedadas na Sala de Apoio do HRNP, e ressaltam a importância da estrutura. "Não teríamos condições financeiras para ir e voltar de Carlópolis todos os dias. A Casa de Apoio é muito importante para os pacientes e seus familiares, pois nos oferece o mínimo de dignidade", pondera.

A diretora administrativa do Hospital Regional do Norte Pioneiro, Fátima Isac, informou que há cerca de três anos o assunto foi discutido durante uma reunião com secretários de Saúde das cidades que compõem a Associação dos Municípios do Norte Pioneiro (Amunorpi), porém, as tratativas não avançaram. "Muito se questionou à época quanto às responsabilidades em relação à manutenção da Casa de Apoio, e por conta disso o projeto não avançou. É uma questão de humanidade, de fazer o bem ao próximo, e isso envolve a sociedade como um todo. Independentemente das atribuições administrativas, é possível realizar esse projeto tão importante se houver uma grande mobilização através da população", sugere.

Estado vai assumir gestão
Em maio do ano passado, o governo estadual anunciou que vai assumir a gestão integral do Hospital Regional do Norte Pioneiro, em Santo Antônio da Platina. O serviço passará a ser administrado pela Fundação Estatal de Atenção à Saúde (Funeas), entidade ligada ao Governo do Paraná e que já atua em unidades como o Hospital Regional do Litoral, em Paranaguá, e o Centro Hospitalar de Reabilitação, em Curitiba. A expectativa é de que a mudança ocorra até abril deste ano.

As obras da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) adulta do Hospital Regional do Norte Pioneiro foram concluídas em outubro. Foram realizados testes de funcionamento, porém, conforme a diretora do HRNP, Fátima Isac, a inauguração deve ocorrer somente após o processo de estadualização da casa de saúde. (L.G.B.)