Bruxelas - Pesquisadores do hospital Sacco, de Milão, anunciaram que isolaram a cepa do coronavírus Sars-CoV-2 que circula no norte da Itália e afirmaram que ela é diferente da chinesa, segundo o jornal italiano Corriere della Sera.

O diretor do Instituto de Ciências Biomédicas, Massimo Galli, afirmou que foram isolados vírus autóctones (cuja transmissão é feita dentro de uma comunidade, e não vinda de outro lugar) de quatro pacientes.

A descoberta vai permitir decifrar o código genético desse tipo específico de vírus e estabelecer o tempo e a amplitude de sua transmissão, passos necessários para desenvolver uma vacina, segundo o pesquisador.

Em Bruxelas, a ECDC (agência europeia de controle de doenças) afirmou nesta quinta-feira (27) que dados sobre origem e transmissão do coronavírus são fundamentais para analisar os riscos de infecção e tomar decisões de política pública, como restringir a mobilidade ou fechar escolas e cancelar eventos.

A agência, porém, não comentou na noite de quinta (27) se o isolamento da cepa italiana pode alterar os atuais modelos usados nessas previsões. Segundo a ECDC, há 474 casos de infecção pelo coronavírus na Europa, dos quais 14 resultaram em morte.

O isolamento do Sars-CoV-2 italiano é importante porque permite verificar se há mutação. Segundo os pesquisadores, isso pode acontecer inclusive no sentido de reduzir a agressividade do coronavírus.

Caso se verifiquem mutações, isso pode significar também que o vírus está se adaptando à espécie humana e se tornando endêmico, segundo os pesquisadores.

Em Roma, o ministro italiano de Relações Exteriores, Luigi Di Maio, disse que o que existe hoje no mundo é uma "infodemia" que está prejudicando a imagem, a economia e a comunidade científica do país.

Com dez cidades na Lombardia e uma no Veneto isoladas desde domingo, a Itália tenta impedir que o pânico prejudique o atendimento em outras regiões e abata ainda mais a economia.

Segundo o governo italiano, 37 dos 528 pacientes infectados pelo coronavírus já se recuperaram da doença.

"Sem querer minimizar a situação, são apenas 11 cidades envolvidas de um total de 7.904, e todos os casos fora dessa região tiveram origem ali", afirmou Di Maio.