Violência na África do Sul se agrava, e saldo de mortos chega a ao menos 45
Os atos começaram depois de o ex-presidente Jacob Zuma se entregar às autoridades e passar sua primeira noite na cadeia
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terça-feira, 13 de julho de 2021
Os atos começaram depois de o ex-presidente Jacob Zuma se entregar às autoridades e passar sua primeira noite na cadeia
Lucas Alonso - Folhapress
Bauru - Multidões entraram em confronto com a polícia e voltaram a saquear e incendiar lojas, depósitos e supermercados na África do Sul nesta terça-feira (13). No quinto dia de violência generalizada no país, o saldo chega a ao menos 45 mortos e mais de 750 presos.
Os atos começaram na última sexta-feira (9), com bloqueios de estradas e veículos incendiados, pouco depois de o ex-presidente Jacob Zuma se entregar às autoridades e passar sua primeira noite na cadeia. Ele foi condenado a 15 meses de prisão por desacato à Justiça ao deixar de comparecer a audiências convocadas por uma comissão que investiga acusações de corrupção contra seu governo.
As manifestações políticas, no entanto, ficaram em segundo plano à medida em que uma onda de saques em lojas e episódios de vandalismo no fim de semana começou a assolar as principais cidades da África do Sul. Os atos se concentram nas províncias de Gauteng que abriga a capital econômica do país, Joanesburgo e KwaZulu-Natal, onde Zuma nasceu.
O atual presidente, Cyril Ramaphosa, anunciou na noite desta segunda-feira (12) o envio de tropas para ajudar a polícia, sobrecarregada pelos distúrbios, e "restaurar a ordem". "Não há queixa ou qualquer razão política que possa justificar a violência e a destruição", disse o presidente, para quem o que se vê nas ruas são atos de promoção do caos para encobrir saques e roubos. "O caminho da violência, saques e anarquia só leva a mais violência e devastação."
A polícia disse ter encontrado dez pessoas mortas durante a debandada de uma multidão em um shopping de Soweto, na província de Gauteng. Na manhã desta terça, dezenas de mulheres, homens e até crianças invadiram as câmaras frias de uma rede de açougues por atacado e fugiram carregando caixas de carne congelada.
A busca por comida indica que a população de Soweto, vivendo em um dos principais símbolos da desigualdade no país após o fim do regime de segregação racial que vigorou na África do Sul durante quase 50 anos, tem sido uma das mais atingidas pelos efeitos econômicos da pandemia de coronavírus.
Saqueadores também invadiram armazéns e supermercados em Durban, um dos principais centros de importação e exportação da África do Sul, no leste do país.
Imagens de emissoras locais e vídeos compartilhados em redes sociais mostram multidões enchendo carrinhos com produtos eletrônicos, roupas e outras mercadorias. Dentro das lojas, praticamente destruídas, restavam apenas embalagens descartadas enquanto as prateleiras eram esvaziadas.
O número de pessoas mortas pode ser ainda maior, já que os números divulgados por autoridades do governo federal não condizem com os dados regionais.